Pesquisas para enfrentar HIV incluem uso de ervas e nanotecnologia

Estudo do pesquisador brasileiro Ricardo Diaz tenta eliminar vírus no momento de sua multiplicação

DANILO THOMAZ
O professor e pesquisador Ricardo Diaz, da Escola Paulista de Medicina (Foto: Época)

O professor e pesquisador Ricardo Diaz, da Escola Paulista de Medicina, ligada à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), pesquisa o vírus HIV desde a década de 1980. Referência no assunto, ele participou do grupo que fez um dos primeiros estudos clínicos em uma vítima da Aids, em 1982. “Um paciente de 32 anos, solteiro, fotógrafo profissional”, que “falecera de insuficiência respiratória”, como narra no livro “Histórias de uma Luta” (CHIADO Editora), um relato científico e pessoal sobre a trajetória da doença que, em 1981, era chamada de “câncer raro” visto em homossexuais e liquidou uma geração e, hoje, tornou-se uma doença crônica, com tratamentos avançados.

Aos 55 anos, Diaz trabalha em duas frentes para a cura do HIV/Aids: um estudo que retira o vírus da latência, matando-o no momento da multiplicação, e eliminando as células em que o HIV fica dormente, e em uma vacina que ensina as defesas do organismo a eliminar as células infectadas nos locais onde o medicamento não chega. Em entrevista à ÉPOCA, Diaz falou sobre o cenário da pesquisa para a cura do HIV no Brasil e as perspectivas da eliminação da doença que já matou mais de 35 milhões de pessoas no mundo.

Quais são, hoje, os estudos mais avançados no Brasil na busca pela cura do HIV?
Apesar da quantidade enorme de estudos conduzidos pela comunidade científica internacional almejando a cura da infecção pelo HIV, poucos são os estudos com iniciativa brasileira. O grupo liderado pelo professor Amilcar Tanuri da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) explora o potencial de alguns extratos naturais de plantas com a vocação de reversão da latência do HIV in vitro (em material de laboratório). Um grupo da Universidade Federal de São Carlos em colaboração com a Universidade de Lousiana, nos EUA, também explora uma proteína de erva brasileira (puchelina) no potencial in vitro para eliminar as células que são infectadas pelo HIV. O único estudo com bases clinicas e laboratoriais almejando a cura da infecção pelo HIV é conduzido pelo grupo que coordeno da Unifesp, com abordagens múltiplas para eliminação do HIV em pessoas cronicamente infectadas por esse vírus.

Os estudos que pesquisam a cura para o HIV são todos financiados pelo Estado brasileiro?
Os estudos do professor Tanuri e da Unifesp são totalmente desenhados no Brasil e financiados por agências nacionais.

Quais outros estudos devem ser iniciados em breve?
Existem perspectivas de uso de engenharia genética para alterar o vírus no corpo das pessoas, deixando-o tão defeituoso que o mesmo não consiga se multiplicar.

Quais as perspectivas da cura para o HIV na próxima década?
Já existe um paciente curado da infecção pelo HIV. A realização de cura em escalas mais amplas é mais complexa. As estimativas apontam que em menos de uma década, a cura estará disponível para um número maior de pacientes.

Como a crise econômica tem afetado as pesquisas para o combate ao HIV?
Especificamente em nosso grupo na Unifesp, não detectamos carência de fundos para esse tipo de pesquisa.

De que maneira as pesquisas relacionadas ao HIV contribuíram para a cura de outras doenças, como o câncer?
Existe uma interação de conhecimento sinérgica entre diferentes especialidades. As estratégias de cura da infecção pelo HIV baseiam-se em conhecimentos adquiridos do combate a doenças reumatológicas e do combate ao câncer. Da mesma forma, a eliminação de células infectadas pelo HIV que têm vida muito longa deve jogar luz ao tratamento visando remissão de alguns cânceres.

Como o senhor prospecta a prevenção e o tratamento para o HIV nos próximos 10 anos?
O tratamento para o HIV do futuro deverá tomar partido da nanotecnologia. Isso significa que medicamentos injetáveis com ação longa, provavelmente de meses, deverão ser utilizados com mais eficácia e menos toxicidades. A prevenção com medicamentos deve passar pelas mesmas estratégias. Os tratamentos que possam também diminuir muito a quantidade de células infectadas pelo HIV no corpo humano ou mesmo levar o vírus a apresentar muitos defeitos na sua constituição genética (vírus defectivos ou defeituosos) devem propiciar a manutenção de uma parcela das pessoas sem a necessidade de uso de medicamentos para “matar” o HIV que se multiplica no corpo humano.
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Sobre jaguarverdade

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