Apesar de sua aparente simplicidade, o alho é uma erva medicinal com propriedades antibióticas incomparáveis
O alho tem sido cultivado há tanto tempo que é difícil determinar com
precisão sua origem. De acordo com o botânico suíço do século 17,
Augustin De Candolle, o alho surgiu no sudoeste da Sibéria, se espalhou
para o sul da Europa e posteriormente tornou-se comum nos países de
língua latina que fazem fronteira com o Mediterrâneo. Apesar desse
registro, teorias recentes sugerem que o alho pode ser originário do
sudoeste da Ásia Central.
O que sabemos com certeza é que o seu uso foi gravado em sânscrito há
cerca de 5 mil anos. Uma tabuleta de argila suméria datada de 3000 a.C
abriga uma receita que tem o alho entre seus ingredientes. A planta
também é utilizada pelos chineses há pelo menos 3 mil anos.
Registros médicos egípcios de 1550 a.C registraram receitas de alho
para o tratamento de doenças como hipertensão arterial, problemas de
pele, úlceras, doenças respiratórias, problemas intestinais, caspa,
piolhos, flatulência e cabelos grisalhos.
Os trabalhadores braçais que construíram a Grande Pirâmide de Quéops
foram alimentados com alho, cebola e alho-poró para manterem força e boa
imunidade contra doenças infecciosas. O alho também foi consumido em
grandes quantidades pelos antigos gregos e romanos: soldados romanos
foram fornecidos com uma ração diária de alho para manter a sua força, e
acredita-se que os romanos introduziram o alimento na Grã-Bretanha. A
palavra alho (garlic, em inglês) é derivada do anglo-saxão gar (lança) e lac (uma planta), e é, sem dúvida, uma referência ao aparecimento de suas folhas pontiagudas.
Na Grã-Bretanha, pouco antes da virada do século passado, a
tuberculose foi a principal causa de morte, e os médicos britânicos
empregaram com sucesso pomadas, compressas, e inalantes dessa planta
para tratar a doença.
Durante a I Guerra Mundial, o alho foi cultivado em grande quantidade
na Grã-Bretanha. Hospitais militares utilizavam alho líquido para
combater infecções. Dentes de alho eram prensados e seu sumo era
diluído em água. Panos foram embebidos em água a alho e aplicados em
feridas de batalha, o que diminuiu a incidência de amputação por causa
de gangrena.
O alho é uma das ervas mais utilizadas da culinária. Ao longo da
história, fitoterapeutas valorizam até as flores brancas de alho,
escolhidas como o símbolo para representar os boticários da Ásia e da
Europa.
Remédio antigo para os tempos modernos
O alho é tão importante para a saúde das pessoas modernas como era no
antigo Egito. Em todo o mundo, aumentaram os casos de tuberculose
resistentes a remédios e de distúrbios circulatórios e epidemias de
larga escala: essas doenças estão se tornando uma preocupação global.
Além de reforçar a resposta imunológica dos organismos, o alho é um
poderoso antibiótico, que mata os microrganismos difíceis de seres
eliminados. É eficaz em um largo espectro de bactérias, ao contrário de
muitos antibióticos farmacêuticos, que matam apenas uma pequena parcela
de germes. Além disso, o alho elimina qualquer desenvolvimento de
resistência por parte das bactérias, vantagem que não é encontrada em
antibióticos químicos.
Os antibióticos comuns são ineficazes contra os vírus, quer sejam as
infecções mais graves ou viroses comuns. O alho, no entanto, tem sido
utilizado para matar diretamente muitos vírus, incluindo o da gripe, da
herpes, o vírus da estomatite vesicular (responsável pela herpes
labial), e citomegalovírus humano (uma fonte comum de infecção
secundária em diagnosticados com HIV), enquanto proporciona uma cura ou
alívio sintomático em muitas outras doenças virais, tanto em humanos
quanto em animais.
Outras propriedades do alho
A planta também atua como um antifúngico (combate micoses) e
antiparasitário (combate vermes) que é eficaz em uso interno e externo. O
alho também faz parte das ervas que contêm grandes quantidades de sais
minerais como ferro, enxofre, cloro e fósforo, e são eficazes na limpeza
do sangue e em melhorar a sua capacidade de transportar oxigênio.
Essa erva é sempre escolhida pelo fitoterapeuta como parte de uma
mistura para combater doenças da pele. O alho também contém iodo e
bromo, necessários para o equilíbrio do sistema endócrino. A planta tem a
vantagem única e adicional de ser capaz de modificar e liberar
depósitos saturados de colesterol nas paredes internas das artérias,
veias e coração.
Até 20 cápsulas de alho em pó podem ser ingeridas sem danos. Se o seu
corpo tem muitas toxinas ou desconforto estomacal e intestinal, o alho
pode ser a solução, porque ele elimina bactérias e outros microrganismos
responsáveis por putrefações e fermentações no aparelho digestivo. Mas o
alho não deve ser consumido além da dose culinária caso você tenha
problemas no fígado, na vesícula, no pâncreas, ou com a bile.
Uma boa dica para uso interno do alho é esmagar ou cortar três dentes
de alho e cobrir com cerca de 3/4 de xícara de vinho ou suco de
cenoura. Deixe a mistura descansar por 24 horas e depois consuma.
Para uso externo, misture três dentes de alho em aproximadamente um
litro de água e aplique como uma lavagem na pele. Cuidado ao aplicar
apenas o alho cru diretamente na pele, pois isso pode causar queimaduras
ou irritações.
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