A escritora Rachel de Queiroz
retratou com muita fidelidade o desastre que se abateu sobre os
cearenses há 100 anos. Quem poderia imaginar que um século depois
estaríamos vivendo as mesmas angústias, incertezas, transtornos e
prejuízos pela falta de chuva em nosso semiárido? A própria escritora,
se viva ainda fosse, certamente, como nós, estaria estarrecida diante do
quadro que se desenha.
De Canindé a Parambu, de
Acopiara a Pacajus, região do Vale do Curu, nas serras da Ibiapaba e de
Baturité, e assim, podemos dizer em todos os quadrantes do estado
nossas reservas hídricas são precárias. Açude de Banabuiú, 7% de sua
capacidade; Fogareiro, em Quixeramobim, 4%; Cedro, em Quixadá,
praticamente seco; açude de Pentecoste, 3%; açude Castanhão, o nosso
maior reservatório, 25%; para ficarmos só nesses.
Os prejuízos
já se dão em larga escala em todos os setores da economia. Os efeitos
da longa estiagem causaram impactos negativos, por exemplo,na
piscicultura do Estado, com a diminuição de 16,6% da produção em 2014,
se comparada ao ano de 2013. As informações foram coletadas pela
Secretaria de Pesca e Aquicultura de Nova Jaguaribara junto ao
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
O
drama do setor de piscicultura só não é maior porque o maior produtor de
tilápia do Ceará, o açude Castanhão, fechou o ano com aumento de 25% na
sua produção apenas no segundo semestre, em comparação com o primeiro
deste mesmo ano.
Diante da gravidade da situação, os
governadores do Nordeste, sobretudo os dos estados que serão
beneficiados com a transposição do São Francisco, já deveriam estar, não
a pedir, mas a exigir a conclusão imediata das obras (regime de
urgência urgentíssima). O canal, em construção arrastada poderia, aqui
no Ceará, abastecer o Castanhão e termos a garantia de água para o
consumo de Fortaleza e as outras cidades através dos carros-pipa,
enquanto são concluídas as obras do cinturão das águas.
Esta, a
meu ver, é reivindicação muito mais fundamental para o Nordeste que a
volta da CPMF. Esta é a pressão a ser feita por governadores e bancada
federal do Nordeste junto ao Palácio do Planalto. As coisas para o
Nordeste só andam, historicamente, na base da pressão.
Cirilo Pimenta
opiniao@opovo.com.br
Prefeito de Quixeramobim
0 comentários:
Postar um comentário