Para investigadores, a mudança foi uma tentativa de apagar rastros da ligação do ex-presidente com a construtora OAS, diz jornal
O
presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, mudou os contêineres que
abrigam o acervo do ex-presidente Lula da Granero para o depósito do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande
São Paulo, em janeiro deste ano. Os investigadores da Operação Lava Jato
interpretaram a mudança como uma tentativa de apagar a ligação com a
construtora OAS, segundo o jornal Folha de S. Paulo desta quinta-feira.
A Granero armazenava o acervo desde 2011 e o material foi retirado
depois que o contrato entre a empresa e a OAS, que pagou 1,3 milhão de
reais pelo serviço, foi rescindido. A mudança ocorreu nos dias 18 e 19
de janeiro - mês em que ganharam força os rumores de que Lula poderia
ser alvo da Lava Jato. De acordo com o jornal, a Granero começou a
pressionar a OAS para retirar os pertences de Lula. Tanto que, em 25 de
agosto do ano passado, a transportadora deu prazo de 30 dias para que
isso fosse feito e o contrato, encerrado - o que só veio a acontecer no
início de 2016.
Os pagamentos da construtora à Granero são investigados pela
Procuradoria por serem evidência de supostos favores recebidos pelo
ex-presidente Lula de empreiteiras envolvidas no escândalo do petrolão.
"A última atuação ilícita de Paulo Okamotto nessa fraude ocorreu no mês
passado, no dia 12 de janeiro, quando ele indicou agentes para retirar
os bens pessoais de Lula armazenados pela Granero", disse a força-tarefa
da Lava Jato em peça que foi anexada aos autos.
A mudança também foi uma das justificativas apresentadas no pedido de
prisão temporária de Okamotto. O juiz Sergio Moro, no entanto,
autorizou somente a condução coercitiva do presidente do Instituto Lula.
À Folha, Paulo Okamotto disse que a mudança do acervo não
tem qualquer relação com a Lava Jato e ocorreu por necessidade de
organizar os pertences do ex-presidente. "A gente não conseguiu uma
solução para o memorial que a gente ia construir. Queremos retomar o
trabalho de classificação. Eu aluguei o armazém porque precisava de um
lugar para guardar. A Granero me convenceu que era necessário um lugar
que não tivesse ratos, traças e umidade. O material ficava em
contêineres." Segundo Okamotto, o espaço no Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC foi alugado a um "preço bastante módico".
Em seu depoimento à Polícia Federal, Okamotto explicou que os valores
desembolsados pela OAS para bancar o armazenamento dos contêineres na
Granero foram uma espécie de doação ao Instituto Lula.
Fonte:http://veja.abril.com.br (Da redação)
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