Em grampo da Operação Lava Jato, prefeito do Rio afirma que Lula não perdeu a "alma de pobre" e se diz um "soldado" a serviço do petista
Um
dos grampos feitos pela Operação Lava Jato em celulares usados pelo
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva flagrou uma conversa entre o
petista e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). No diálogo,
Lula recebe a solidariedade de Paes depois da Operação Aletheia, em que
o agora ministro da Casa Civil foi conduzido coercitivamente a prestar
depoimento à Polícia Federal, em São Paulo. O prefeito falou na
necessidade de "dar um limite" à Polícia Federal e ao Ministério Público
Citado na delação premiada de Delcídio do Amaral, o prefeito reclama
que os depoimentos colhidos pela PF viraram "livro de memórias". Ao
contrário dos outros grampos, em que o ex-presidente pouco dá espaço aos
interlocutores ao telefone, Lula não parece tão animado na conversa com
o prefeito do Rio, que se disse "um soldado" do petista.
Paes classifica a operação da PF como "um escândalo, uma vergonha" e
ironiza que Lula "não perdeu a alma de pobre". "Agora, da próxima vez o
senhor para com essa vida de pobre, essa alma de pobre comprando esses
barcos de m..., esses vinhos vagabundos. Todo mundo que fala, eu falo o
seguinte, ó: imagina se fosse aqui no Rio esse sítio dele. Não é em
Petrópolis, não é em Itaipava, é como se fosse em Maricá, é uma m... de
lugar. Esse barquinho dele é em São Pedro da Aldeia, Araruama, não é
Búzios, não é em Angra. É um cafona. O senhor não perdeu a sua alma de
pobre. Isso que é a maior desgraça que eu tô vendo nesse processo todo".
Lula: Alô!
Eduardo Paes: Meu amigo!
Lula: Querido prefeito, tudo bem?
Eduardo Paes: "Cê" não precisa de solidariedade, mas
tô ligando pra te dar um abraço. Dizer que tô contigo nesse absurdo aí
que fizeram com o senhor na sexta-feira. É um escândalo. É uma vergonha.
Lula: Obrigado, querido.
Eduardo Paes: Tem que ter muita carcaça. Seu
posicionamento foi excepcional. Tem que parar com essa palhaçada no
Brasil. Tá demais mesmo. Passou de todos os limites, Presidente.
Lula: Todos os limites! Isso é verdade. Passou dos limites.
Eduardo Paes: Esse negócio do Delcídio então. Eu
falo até pelo meu caso aqui que eu vi na suposta delação premiada dele.
Esse negócio de acordo na CPI né.
Lula: O Delcídio foi uma vergonha!
Eduardo Paes: É livro de memória que o cara fica...Vira delação premiada é ficar fazendo livro de memória entendeu?
Lula: É isso.
Eduardo Paes: Ah, porque teve uma conversa. E assim,
a conversa (ininteligível). Eu e o..... Como é o nome do relator, sei
lá, a porra do deputado do PMDB, fica tentando convencer o ACM Neto que
não tinha prova nenhuma contra o "seu" filho. Que tinha que tirar o nome
do relatório senão não votava aquele negócio, entendeu? Como é que ia
fazer um negócio sem prova nenhuma. Eu me lembro direitinho desse
negócio. E o cara conta como se fosse um escândalo, entendeu? Uma coisa
que eu mesmo já falei quinhentas vezes pra imprensa.
Lula: Um bando de filha da puta, Eduardo. Eu vou contar uma coisa pra vc.
Eduardo Paes: Foda.
Lula: Olha, deixa eu lhe falar uma coisa. Esses
meninos da Polícia Federal e esses meninos do Ministério Público, eles
se sentem enviado de Deus.
Eduardo Paes: É, mas eles são todos crentes. Os caras do Ministério Público são crentes né.
Lula: É uma coisa absurda. Uma hora nos vamos
conversar um pouco porque eu acho que eu sou a chance que esse país tem
de brigar com eles pra tentar colocá-lo no seu devido lugar. Ou seja,
nós criamos instituições sérias, mas tem que ter limites, tem que ter
regras.
Eduardo Paes: É. Não. Passou de todos os limites mesmo. A gente fica com medo de conversar com as pessoas agora.
Lula: Lógica porra!
Eduardo Paes: Eu tô cheio de obra aqui. Odebrecht da
vida, OAS, de todas essas empreiteiras. Eu fico com medo. O cara pede
pra eu receber, eu fico com medo de receber.
Lula: É lógico. Porque agora toda obra. Esses caras
têm quinhentas obras nesse país. Todas elas estão criminalizadas. Ah,
vai tomar no cú porra.
Eduardo Paes: É foda. Não. "Cê" vê, o próprio
Delcídio. O cara era presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, eu
fui conversar com ele lá um dia, aí ele vai fazer lá o negócio dele lá
com o tal do Cerveró, com o filho do Cerveró, depois de conversar
comigo. Daqui a pouco eu tô no meio daquela história. É um negócio de
doido.
Lula: (risos) É isso, querido.
Eduardo Paes: Eu vou me trancar em casa porra. Eu não converso mais com ninguém.
Lula: É isso, querido.
Eduardo Paes: Mas óh, meu amigo, falando sério eu tô aqui do teu lado.
Lula: Obrigado.
Eduardo Paes: Conta comigo aqui. O senhor sabe da minha gratidão, da minha admiração.
Lula: Obrigado, querido.
Eduardo Paes: Aqui o senhor tem um soldado. Tô aqui
administrando as minhas crises também. Segurando (ininteligível). Eu
sempre tenho que falar uma coisa pro senhor: a minha vida começou com
Lula e Cabral. Terminou com Dilma e Pezão. Puta que me pariu!
Lula: (Risos)
Eduardo Paes: O senhor não faz ideia de como eu tô sofrendo. É uma foda!
Lula: Mas você com todo o problema, querido, você
ainda tá, é abençoado por Deus por causa dessa Olimpíadas, viu, Porque
os outros...
Eduardo Paes: É verdade! Verdade.
Lula: Os outros prefeitos que eu converso "tão fudido"...
Eduardo Paes: Verdade. Verdade. Mas, presidente, se
tiver Olimpíadas com Vossa Excelência e com Sergio Cabral é uma coisa.
Segurar com aquele bom humor da Dilma e do Pezão sabe...
Lula: Não é fácil, querido.
Eduardo Paes: Sabe aquele personagem que tinha...
Lula: Mas o teu bom humor e a tua competência superam isso, querido.
Eduardo Paes: Foda. Mas "tamo junto" aí, Presidente.
Lula: Tá bom. Obrigado, querido.
Eduardo Paes: (Ininteligível) ... meu carinho aí,
"tamo junto". Minha solidariedade, vamos em frente nessa história.
Agora, da próxima vez o senhor me para com essa vida de pobre, com essa
tua alma de pobre comprando "esses barco de merda", "sitiozinho
vagabundo", puta que me pariu!
Lula: (Risadas)
Eduardo Paes: O senhor é uma alma de pobre. Eu, todo
mundo que fala aqui no meio, eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui
no Rio esse sítio dele, não é em Petrópolis, não é em Itaipava. É como
se fosse em Maricá. É uma merda de lugar porra!
Lula: (Risos)
Eduardo Paes: Esse barquinho dele é em São Pedro da Aldeia, Araruama. Não é em Búzios nem Angra porra!
Lula: (risos) Puta que o pariu!
Eduardo Paes: É um cafona. O senhor não perdeu essa
sua alma de pobre. Isso que é a maior desgraça que eu tô vendo nesse
processo todo porra. (risos)
Lula: É isso. É isso. Mas eu já sabia disso. Tá bom, querido. Obrigado, Eduardo.
Eduardo Paes: Qualquer coisa me liga aí, Presidente. Um forte abraço.
Lula: Muito obrigado, meu querido.
Eduardo Paes: Valeu. Tchau, tchau.
Fonte: Veja
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