Interlocutores
da presidente Dilma Rousseff apostam que o cenário político será mais
uma vez embaralhado na próxima semana por causa de novas revelações da
Operação Lava Jato. Entre os ocupantes do Palácio do Planalto há a
certeza de que o juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações sobre
o escândalo da Petrobrás na primeira instância, prepara uma ofensiva
para atingir o governo na semana em que o impeachment deve ser votado no
plenário da Câmara.
Pelo cronograma estabelecido, o processo deverá ser apreciado pelo plenário da Câmara no dia 17, um domingo.
Além de vazamentos relacionados a delações premiadas, há o temor de
que Moro deflagre uma nova fase da operação e decrete a prisão de dois
nomes que já tiveram bastante proximidade com a presidente: os
ex-ministros da Casa Civil Antonio Palocci e Erenice Guerra. Segundo a
delação premiada dos executivos da empreiteira Andrade Gutierrez que
veio à tona esta semana, Palocci e de Erenice teriam ajudado a
estruturar o esquema de propina na obra da usina hidrelétrica de Belo
Monte, no Pará.
Os empresários apontaram uma pagamento de cerca de R$ 150 milhões em
propina. O valor seria referente a um acerto de 1% sobre contratos. O
dinheiro teria como destino o PT e o PMDB e agentes públicos ligados aos
dois partidos. Palocci foi o coordenador da campanha de Dilma em 2010.
Erenice, por sua vez, era braço direito da presidente e assumiu a Casa
Civil quando Dilma deixou o ministério para se candidatar à Presidência
pela primeira vez.
Os empresários da Andrade também afirmaram que o dinheiro doado
legalmente às campanhas de Dilma em 2010 e 2014 teve origem em contratos
superfaturados que foram fechados com empresas estatais, como a
Petrobrás.
Placar
Apesar de rebater a acusação, integrantes do Planalto admitem que o
conteúdo da delação reverteu o clima favorável a Dilma na Câmara. No
início da semana, o governo contava 200 votos contra o impeachment. Hoje
esse número estaria em 180. Para os próximos dias, a ideia do governo
vai ser tentar criar uma "vacina" para proteger a presidente de novas
revelações negativas que envolvam o seu nome. A estratégia passa por
agir rápido e não deixar nenhuma suspeita que surgir sem uma resposta.
Uma mostra de como o Planalto vai agir começou a ser esboçada esta
semana. Anteontem, Dilma fez um duro discurso contra o que chamou de
"vazamentos oportunistas e seletivos". Ela afirmou ter certeza de que
haveria novos vazamentos na próxima semana e que essa situação criava
"um ambiente propício ao golpe".
A presidente também acionou o Ministério da Justiça para apurar e
tomar as medidas cabíveis contra quem vazar informações de depoimentos
da Lava Jato. Já o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, foi
escalado para fazer um apelo para que o Ministério Público Federal e o
Poder Judiciário impedissem que investigações que correm sob sigilo
fossem repassadas à imprensa neste momento que antecede a votação do
impeachment na Câmara.
Ontem, a presidente reforçou a mensagem de que está disposta a fazer
um pacto pela governabilidade ao entregar moradias do programa Minha
Casa Minha Vida, no Rio de Janeiro.
Fonte: (AE)
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