Ministro anunciou que pedirá licença do cargo. Ainda assim, se disse tranquilo
O
ministro do Planejamento, Romero Jucá, afirmou nesta segunda-feira que
vai se licenciar do cargo a partir de amanhã. Ele disse que preferiu
deixar o cargo para aguardar que o Ministério Público Federal se
manifeste sobre os áudios em que sugere um pacto para paralisar a Operação Lava Jato
e conter a "sangria" provocada pelas investigações. Minutos antes do
anúncio de Jucá, o presidente interino Michel Temer afirmou que buscaria
"a melhor solução para todos" diante do caso.
"Prefiro pedir ao Ministério Público uma manifestação sobre o caso.
Vou aguardar com tranquilidade a manifestação do Ministério Público e
depois tomar uma decisão [definitiva sobre a presença no governo Temer",
disse Jucá, que reassume o mandato como senador e se mantém na
presidência do PMDB. No Congresso, deve enfrentar um processo de
cassação, já que o PDT anunciou que apresenta nesta terça-feira
representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
No Senado, Jucá negou ter provocado "constrangimento" no presidente
interino Michel Temer e atribuiu sua licença a um gesto para não
comprometer a credibilidade da classe política. "O presidente entendeu
minha posição, viu meus pronunciamentos, minhas entrevistas. Tenho
defendido um governo de salvação nacional, a rápida investigação para
que não pairem dúvidas sobre a classe política brasileira e [para] que
não se extraia a confiança sobre a classe política", afirmou. "Meu gesto
deu o exemplo de que somos transparentes, nada temos a esconder.
Aguardo a manifestação do Ministério Público. Não fiz nada de errado",
completou ele.
"O presidente viu meus pronunciamentos, minhas entrevistas. Eu tenho
defendido um governo de salvação nacional, a rápida investigação do
caso, separar o joio do trigo, para que não pairem dúvidas sobre a
classe política brasileira, que se delimite a culpa em quem tem culpa é
não se espalhe a desconfiança sobre a classe política porque isso não
resolve o problema do Brasil, descredenciar. Eu não quero contribuir com
isso. Então o meu gesto é um exemplo de que nos somos transparentes e
nada tenho a esconder. Nada melhor do que uma manifestação isenta para
dizer se eu cometi naquela conversa algum tipo de crime. Acho que não
cometi, meu advogado acha que eu não cometi e eu aguardo com toda a
tranquilidade na presidência do PMDB. É um instrumento extremamente
importante para se fazer o enfrentamento com quem precisar fazer",
prosseguiu.
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Jucá foi flagrado em conversas com o ex-senador e ex-dirigente da
Transpetro, subsidiária da Petrobras, Sergio Machado. Na conversa,
revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, ele fala em "delimitar"
e "estancar essa sangria". Pela manhã, Jucá havia dito que continuaria
no cargo de ministro enquanto tivesse a confiança de Temer. Nas
primeiras declarações públicas, Temer afirmou que não iria poupar
ministros envolvidos em irregularidades.
A conversa ocorreu semanas antes da votação do processo de
impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O áudio tem mais
de uma hora duração e está em posse da Procuradoria Geral da República
(PGR). O advogado do atual ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro,
disse ao jornal que Jucá "jamais pensaria em fazer qualquer
interferência" na Lava Jato "porque essa não é a postura dele".
Ao anunciar que deixaria o cargo, Jucá afirmou: "Estou consciente de
que não cometi nenhuma irregularidade. Apoio a Lava Jato e apoiei o
procurador-geral da República Rodrigo Janot. Estamos tranquilos, o
governo está tranquilo". O peemedebista disse ainda que assume o cargo
interinamente o secretário executivo do Planejamento Dyogo Oliveira.
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