No posicionamento mais claro do país norte-americano sobre a crise política brasileira, Michael Fitzpatrick afirmou que o processo de impeachment de Dilma transcorre em respeito às instituições e cutucou a Venezuela
Na mais enfática manifestação dos Estados Unidos sobre a crise política
no Brasil até agora, o representante do país na Organização dos Estados
Americanos (OEA), Michael Fitzpatrick, afirmou nesta quarta-feira que
não há um "golpe em curso" no país, conforme alardeia os petistas, e que
o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff ocorre
em respeito às instituições e à Constituição brasileiras.
As autoridades americanas vinham adotando um tom cauteloso em suas
manifestações sobre a crise política no Brasil, tratando a questão como
um assunto interno. Ontem, Fitzpatrick expôs uma posição mais clara e
direta sobre o tema. "Há um evidente respeito às instituições
democráticas, uma clara separação de poderes, rege o Estado de Direito e
há uma solução pacífica de disputas", declarou o representante
americano durante reunião do Conselho Permanente da OEA. "Nada disso
parece existir na Venezuela hoje e essa é a preocupação."
A situação do Brasil foi levantada pelo Paraguai, que foi suspenso do
Mercosul em 2012 em razão do impeachment do então presidente Fernando
Lugo. Na OEA, o representante paraguaio defendeu a legitimidade do
processo em curso no Senado e o direito do Brasil de resolver seus
problemas domésticos sem ingerência externa.
A crítica ao impeachment coube à Venezuela e à Bolívia, países que
sustentam a tese de que o afastamento de Dilma representa um golpe.
Ambos fizeram declarações nesse sentido, rechaçadas pelo Itamaraty, já sob a gestão do tucano José Serra.
Depois da manifestação dos bolivarianos, o embaixador do Brasil na OEA,
José Luiz Machado e Costa, afirmou que o processo se desenvolve em
respeito às normas constitucionais e às instituições do país. O
diplomata ressaltou que o país considera inapropriada a ingerência em
assuntos internos por parte de países que rejeitam a interferência
internacional em seus próprios assuntos - uma referência indireta à
Venezuela.
Fitzpatrick pediu a palavra em seguida, manifestou apoio à posição de
Machado e Costa e afirmou não ver golpe "de nenhum tipo" no Brasil. O
representante dos EUA disse estranhar que as mais enfáticas críticas ao
processo brasileiro venham de Caracas, onde manifestantes são reprimidos
com gás lacrimogêneo e há opositores presos pelo governo local.
Foi a primeira vez em que a situação do Brasil foi discutida na OEA. O
secretário-geral da entidade, Luis Almagro, criticou publicamente o
processo de impeachment antes do afastamento de Dilma ser aprovado pelo
Senado, na semana passada. Sua posição, porém, não refletia debates ou
deliberações dos países que integram a organização.
Fonte: (Com Estadão Conteúdo)
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