Nova eleição é vista como manobra por alguns parlamentares - Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado
Enquanto a presidente Dilma Rousseff estuda proposta de
antecipação das eleições presidenciais para outubro, caso o Senado dê
prosseguimento ao processo do impeachment e ela seja afastada, líderes
do governo e da oposição sinalizam que o Planalto terá dificuldades para
aprovar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na Câmara.
Para passar pelo Congresso, a PEC precisaria de três quintos dos
votos dos deputados (308) e dos senadores (49). Aliado de Michel Temer, o
deputado Carlos Marun (PMDB-MS) acredita que a PEC não teria nem apoio
do plenário, nem da população. A proposta, segundo ele, não assusta o
vice-presidente, que está "tranquilo".
O líder do PMDB na Casa, Leonardo Picciani (RJ), considerou que a
ideia é "inócua e não se sustenta". Ele explicou que, assim como se
posicionou contra o processo de impeachment de Dilma por considerá-lo
ilegal, adota a mesma posição sobre adiantar as eleições, que acredita
ser um descumprimento da Constituição.
Mesmo parlamentares mais próximos de Dilma, como o vice-líder do
governo, Silvio Costa (PTdoB-PE), avaliaram na semana passada que
adiantar as eleições seria inconstitucional. Costa classificou a PEC
como "esdrúxula" e disse que a ideia de realizar um plebiscito em
outubro também seria inviável.
Para Costa, independentemente da opinião pública não seria possível
mudar o tempo de mandato da presidente, a menos que a chapa Dilma-Temer
seja cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Compartilhando da mesma
opinião, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), acha que uma mudança na
Constituição poderia agravar a crise.
"A Constituição não prevê qualquer possibilidade de antecipação das
eleições que não seja pela renúncia de presidente e vice ou a cassação
da chapa eleita pelo TSE. O remédio constitucional para a crise é o
impeachment da presidente Dilma", disse Bueno. O líder do DEM, Pauderney
Avelino (AM), também se posicionou contra a antecipação das eleições.
Em coro com governistas contrários à proposta, o vice-líder do PT,
Paulo Teixeira (SP), declarou que, apesar de não ocorrido nenhuma
conversa definitiva sobre o assunto, não concorda com a PEC. Na última
quarta, deputados da sigla se reuniram com o ministro Ricardo Berzoini
(Secretaria de Governo) e descartaram o apoio à convocação de eleições.
"O direcionamento é lutar pelo mandato da presidente até o fim. Acredito
que com o governo de coalizão sempre é possível fazer melhorias",
declarou Teixeira.
Na direção oposta, o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), demonstrou
apoiar a proposta, mas considerou que ela não seria aprovada na Câmara.
Ele afirmou que a PEC pode ganhar força de acordo com a popularidade ou
não da gestão Temer.
No Senado, a base do governo está dividida entre os que apoiam a
proposta e os que acreditam que o melhor caminho é enfrentar o processo
de impeachment. Na oposição, Aécio Neves (PSDB-MG) defende que um novo
pleito só deve acontecer caso o TSE casse a chapa eleita em 2014.
Fonte: (AE)
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