Muitas pessoas não sabem, e nem imaginam, os perigos que acarretam ações simples que se fazem muitas vezes no dia a dia, quando lidamos com crianças pequenas ou bebês. Situações muito comuns que vemos muitas vezes serem feitas pelos pais, e que podem causar problemas nas crianças.
Já pensou nas consequências de pegar uma criança pelos braços? Acha que é algo que não vai causar danos à criança? Vamos falar um pouco sobre isso...



Esse tipo de atitude pode causar diversas lesões nas crianças, mas as principais e mais comuns são também as mais evidentes. Há muitas lesões que ocorrem por falta de conhecimento dos pais, ou por falta de zelo. A subluxação da cabeça do rádio é uma das afecções mais comuns nas crianças pequenas.

Trata-se de uma lesão bastante comum na criança entre 18 meses e 4 anos de idade. Nesta faixa etária o cotovelo da criança não está ainda bem formado e apresenta muita frouxidão ligamentar. O cotovelo é uma dobradiça formada pelo encontro do osso do braço (úmero) encaixado em um osso do antebraço (ulna). 

No antebraço existe outro osso (rádio), localizado no lado do polegar, e no cotovelo ele interage com a ulna para realizar a rotação do antebraço (chamada de movimento de prono-supinação).



A cabeça do rádio é presa na ulna por um ligamento que a envolve como um anel (ligamento anular). Se ocorre uma tração no rádio para longe do cotovelo ocorre lesão do ligamento anular (que é fino nesta faixa etária) e deslocamento da cabeça do rádio do encaixe no osso vizinho.

Sintomas


A criança começa a chorar e mantém o braço parado ao lado do corpo com a palma da mão virada para trás. Se recusa a levantar o braço acima da cintura que causa desconforto e não usa a mão deste lado (se você tenta lhe oferecer algo, por instinto ela apanhará com a outra mão). Tem dor quando tentamos “rodar” o antebraço. Ela até para de chorar mas mantém o braço imóvel ao longo do corpo para grande apreensão dos pais.

Causas

A causa da lesão pode ser óbvia, como quando os próprios pais puxaram a criança pelo braço, mas em algumas circunstâncias pode ser obscura; a criança não sabe contar aos pais o que ocorreu e a babá afirma que a criança caiu…

Muitas vezes é uma combinação do movimento da criança e de um adulto. A criança se joga no chão e um adulto tenta levantá-la pela mão (levante-a segurando por baixo dos braços).


  • Evite brincadeiras de balançar a criança segurando-a pelas mãos e girando-a.
  • Não deixe uma criança pequena guiar um cachorro, pois ele pode puxá-la com força.
  • A criança está segura pelo braço quando sofre uma queda súbita.
  • Segurar a criança pela mão para ela não sair correndo, puxar a criança quando estamos andando de mãos dadas e estamos com pressa (lembrar que o passo da criança é menor).

Algumas dessas situações são possíveis de prevenir, outras não, mas o que importa é tentar sempre oferecer a segurança para nossos pequenos!

O que fazer?

Leve a criança para o hospital o mais rápido possível. Um médico ortopedista irá determinar se não há fratura ou algo mais grave. Em geral, não há dor à palpação do cotovelo e nem inchaço. A radiografia não é necessária se não há sinais de fratura no exame físico, pois na pronação dolorosa a radiografia aparece normal apesar do deslocamento do rádio.

Tratamento

Após acalmar a criança e os pais, e estabelecer uma relação de confiança, o médico realiza uma manobra, chamada de redução, que é bastante simples, sendo realizada no consultório, sem necessidade de qualquer anestesia.

É realizada rodando o antebraço para colocar a mão virada para cima e depois fletindo o cotovelo enquanto segura o braço – pode sentir um clique (isto pode causar um breve desconforto, mas em geral a criança recupera rapidamente a movimentação do braço). Pedimos para os pais aguardarem na recepção por uns 15 minutos e na reavaliação a criança já está utilizando normalmente a mão.

Habitualmente não há necessidade de nenhum tipo de imobilização ou fisioterapia após a redução, porém algumas crianças permanecem com desconforto, mesmo após a redução, talvez pelo cotovelo ter sofrido o deslocamento e machucado o ligamento. Nestes casos imobilizamos com tala gesada, prescrevemos medicação para dor e reavaliamos em 03 dias.


Algumas crianças têm maior predisposição à esta lesão e os episódios podem ser recorrentes. Isto não é motivo para preocupação, pois as lesões devem cessar com o crescimento da criança, não deixando nenhuma sequela.

Prevenção

Evite puxar a criança pelas mãos conforme explicado anteriormente, especialmente se esta já tem história de pronação dolorosa. Neste caso oriente também a babá, os parentes e as outras pessoas que terão contato com a criança.

Fonte: Faz de conta que sei