A Mata Atlântica, originalmente, cobria uma área superior a 1,3
milhão km² distribuída ao longo de 17 estados brasileiros que iam desde o
Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.
Desde o descobrimento do Brasil, no entanto, até os dias de hoje a
área de mata foi reduzida a aproximadamente 7% da sua área original.
Inicialmente em função dos ciclos econômicos da história do nosso país -
o do Pau-Brasil, do ouro, da cana-de-açúcar e posteriormente do ciclo
do café – e mais recentemente, em função da ocupação demográfica nas
áreas urbanas, principalmente da cidade do Rio de Janeiro e São Paulo.
Mais de 3.000 dos 5.507 municípios brasileiros ocupam hoje a área que
originalmente foi a Mata Atlântica. Cerca de 108 milhões de habitantes
vivem nas áreas de influência da Mata Atlântica.
O resultado atual é a perda quase total das florestas originais
intactas e a contínua devastação e fragmentação dos remanescentes
florestais existentes, o que coloca a Mata Atlântica em péssima posição
de destaque, como um dos conjuntos de ecossistemas mais ameaçados de
extinção do mundo.
A Mata Atlântica está presente tanto na região litorânea como nos
planaltos e serras do interior, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do
Sul. Ao longo de toda a costa brasileira a sua largura varia entre
pequenas faixas e grandes extensões, atingindo em média 200 km de
largura.
Devido ao seu altíssimo grau de biodiversidade, endemismo e à sua
elevada taxa de desmatamento, está entre os cinco principais hotspots do
mundo, ou seja, áreas que apresentam os biomas mais ricos e ao mesmo
tempo mais ameaçados do planeta, de acordo com levantamento feito pela
ONG Conservation International. O total de mamíferos, aves, répteis e
anfíbios que ali ocorrem alcança 1.361 espécies, sendo que 567 são
endêmicas, ou seja, que só vivem ali, representando 2% de todas as
espécies do planeta, somente para esses grupos de vertebrados. A Mata
Atlântica, que possui 20.000 espécies de plantas é o segundo maior bloco
de floresta tropical do país.
Ela possui camadas de vegetação claramente definidas. As copas das
altas árvores formam o dossel e chegam a atingir de 30, 35 e até 60
metros de altura. O tronco das árvores, normalmente liso, só se ramifica
bem no alto para formar a copa. As copas das árvores mais altas
tocam-se umas nas outras, formando uma massa de folhas e galhos que
impede a passagem do sol. Numa parte mais baixa, nascem e crescem
arbustos e pequenas árvores, que são os bambus, as samambaias gigantes,
líquens que toleram menos luz, formando os chamados sub-bosques. Tanto
nas árvores mais altas como nas mais baixas encontram-se várias outras
espécies, como diversos tipos de cipós, bromélias, orquídeas e gavinhas.
O piso da floresta é coberto pelas forrações. Esse chão é protegido
pelas folhas e outros vegetais que caem das árvores ao longo do ano, que
serve de alimento para muitos insetos, outros animais e principalmente
aos fungos, que são os principais responsáveis pelo processo de
decomposição da floresta. Assim, a floresta alimenta-se dela mesma.
Ao longo de todo sua extensão, a Mata Atlântica apresenta uma
variedade de formações, engloba um diversificado conjunto de
ecossistemas florestais com estruturas e composições florísticas
bastante diferenciadas, acompanhando as características climáticas da
vasta região onde ocorre, tendo como elemento comum a exposição aos
ventos úmidos que sopram do oceano.
Próximos aos oceanos estão as planícies de restinga, dunas, mangues,
lagunas e outros estuários de menor proporção. Os mangues estão
presentes às margens das lagunas ou de rios de água salobra, variando
conforme as marés. Eles são considerados os berçários de grande parte da
vida marinha.
Na Região Sudeste está presente a Serra do Mar com uma grande
cobertura vegetal e constituindo uma verdadeira muralha, ou ainda, o
primeiro degrau dos planaltos do interior. Em função das suas várias
reentrâncias, toda costa marítima da Serra do Mar é constituída de baías
e enseadas.
Na Região Sul e também Sudeste, destacam-se vários dos mais
importantes sistemas lagunares do Brasil, com a Lagoa dos Patos e Mirim,
no Rio Grande do Sul, e o Lagamar, em São Paulo, entre vários sistemas
menores espalhados pelo Brasil.
Na Bahia, grande parte da Mata Atlântica fica restrita à região
litorânea, mas ao Sul do Estado ela avança para os planaltos do interior
em diversos patamares, como se fosse uma grande escadaria.
A fisionomia da paisagem não reflete apenas a junção dos resultados
de contínuas e diferentes mudanças climáticas ao longo da história da
formação do planeta, mas também representa seus efeitos acumulados no
tempo e no espaço, inter-relacionando a história geológica e a
paleogeografia, que é a "pré-história" das mudanças dos relevos em
relação ao diferentes climas.
A Mata Atlântica representa uma grande riqueza de patrimônio genético
e paisagístico, demonstrada por índices verdadeiramente
impressionantes: 55% das espécies arbóreas e 40% para espécies não
arbóreas são endêmicas (ou seja: uma, entre cada duas espécies ocorre
exclusivamente naquele local). Os números não param por aí: 70% no caso
de espécies como as bromélias e orquídeas, e no caso da fauna, 39% dos
mamíferos que vivem na floresta são endêmicos. Mais de 15% dos primatas
existentes no Brasil habitam a floresta e a grande maioria dessas
espécies são endêmicas.
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