O
ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que um dos maiores problemas
do governo do presidente em exercício Michel Temer para tirar o Brasil
da crise "é que parte do Congresso é de réus".
Também deputado federal licenciado (PPS-PE), o ministro complementou:
"Se há inteligência no Congresso, e eu acho que há, todos sabem que
chegou ao fundo do poço". Apontou, como solução, que a Operação Lava
Jato vá às últimas consequências, sem interferências.
"A Lava Jato não se incluirá em nenhum pacto político - e nem pode, e
nem deve", afirmou. Jungmann não quis comentar, no mérito, sobre as
gravações recentemente publicadas em que o senador e presidente do PMDB
Romero Jucá - agora ex-ministro do Planejamento - defendia a criação de
um pacto para "estancar a sangria" da Lava Jato.
"Não quero prejulgá-lo", comentou. "A regra que o presidente Temer
estabeleceu, na primeira reunião com o Ministério, é de que todo aquele
que colocar em risco a imagem, a atuação, a linha política do governo,
independente ou não de julgamento, não tem por que continuar", disse.
Olhando para os dois gravadores que registraram a entrevista, o
ministro da Defesa anunciou, a tantas, uma "frase definitiva". E a
disse: "Político que enriquece na política só tem um jeito: roubou. Eu
estou dizendo isso aqui, gravado".
Jungmann administra, no Ministério da Defesa, este ano, um orçamento
de R$ 82 bilhões - 77% comprometidos com o pagamento de 340 mil
funcionários da Aeronáutica, da Marinha e do Exército. Na terça (24),
Temer convidou o ministro e os três comandantes militares para um jantar
informal no Palácio Jaburu. A conversa, diz, foi boa, e, segundo
Jungmann, "apontou horizontes".
Antipetista desde que botou o pé no Congresso Nacional - em 2003,
depois de dois ministérios no governo Fernando Henrique Cardoso -,
Jungmann foi proponente e protagonista da chamada CPI do Mensalão, o
começo do inferno petista, e, depois, da CPI dos Sanguessugas.
Esteve na linha de frente da articulação que levou ao pedido de
impeachment e ao afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff. "O
Senado é soberano, claro, mas não acredito que ela (Dilma) volte",
afirmou. Ele acusou a presidente afastada de "irresponsável" e/ou de
"estar prevaricando", por denunciar o processo de impeachment como um
golpe sem tomar providências institucionais a respeito, como denunciar
os golpistas, com nome aos bois, ao Ministério Público. "Não tem coragem
de fazer isso porque sabe que será uma desmoralização", afirmou. (AE)
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