Já analisei
se O Casamento Ainda Está na Moda e também já discorri sobre Carência Afetiva.
Agora o tema é infidelidade.
Muitos
perguntam sobre a causa da infidelidade. Na verdade são causas, no plural, pois
as respostas são várias. Contudo as respostas se dividem em três categorias:
fatores da personalidade, fatores do relacionamento e os circunstanciais.
Obviamente nesse ensaio desconsideram-se os relacionamentos liberais, onde o
relacionamento com outras pessoas faz parte do contrato conjugal entre ambos.
Os fatores
localizados na personalidade são fatores potenciais, ou seja, o parceiro pode
ou não ter potencial para trair, mas isso não significa que trairá. Os fatores
do relacionamento são fatores desencadeadores da infidelidade e os
circunstanciais são os que facilitam a traição.
Os fatores
da personalidade diretamente ligados à traição são: aprendizado na família de
origem (pais que traíam), medo da perda ou traição (o que causa muita angústia
insuportável ao ego, por isso não se apega a vínculo afetivo nenhum e trai
antes que o outro faça isso), aprendizado direto dos pais (lema de que homem é
pegador etc), modo aprendido de ver os relacionamentos (em casa, na cultura
inserida etc), personalidade narcisista (a pessoa sempre precisa da atenção de
um outro para confirmar a sua existência), dentre outros vários.
Um tema
talvez interessante seja o trabalhado no texto Entre Tapas e Beijos, onde falo
de pessoas que só conseguem viver relações de amor X ódio.
Já os
fatores do relacionamento são os que surgem na relação em particular.
Geralmente falha afetiva (um precisa de muita manifestação de amor que não é
correspondida), desentendimento e assimetria de gostos, preferências sexuais
diversos entre o casal (alguém busca fora realizar fantasias não toleradas pelo
outro), necessidade de experimentação de uma nova pessoa por alimentar
inconscientemente a sensação de perigo que excita e impulsiona a trair, falta
de habilidade em terminar relacionamentos o que faz a pessoa se inserir em
outro vínculo sem terminar o atual, desconexão entre o casal (estão juntos, mas
apenas perto e não compartilham o mundo do outro), desentendimentos e
inabilidade de resolução de problemas, dentre vários outros.
Há ainda os
circunstanciais que não se inserem nem em personalidade nem em relacionamentos,
como a distância alternada e frequente do outro por motivos diversos, traição
casual (paixão da infância, etc), tipo de trabalho que proporciona muito
assédio, ou horário conflitante entre o casal, viagens e longos períodos de
distância entre o casal, dentre outros.
Na
infidelidade dificilmente um fator está agindo só. Geralmente é a soma dos
três. Eles se influenciam causando a infidelidade. Um princípio básico da
Psicologia é que comportamento tem um pouco de acaso, portanto, não há previsão
infalível. Por mais que se conheçam tais fatores em seu relacionamento isso não
significa que haverá traição ou nem será possível prever esse tipo de
comportamento.
Apesar dessa
pequena listagem é imprescindível ressaltar que não se pretende aqui esgotar
todas as causas, mas apenas dividi-las em categorias para facilitar o
entendimento. Convido você leitor a nos comentários listar outras causas que
aqui momentaneamente ficaram de fora.
Por fim, uma
leitura sugerida é Os Ruídos da Comunicação Familiar. Leia antes que eses
ruídos se transformem em tamponamentos da comunicação conjugal.
Dr Marcelo Quirino
Psicólogo Clínico CRP 05 Rio
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