Acordo de redução de sal ainda está longe da meta

Foco é diminuição do risco de doenças associadas ao mineral, como a hipertensão

 
Brasília. Resultado de um acordo feito com a indústria mostra que, em quatro anos, o Brasil já conseguiu reduzir 14.893 toneladas de sódio em alimentos processados. Mas ainda está na metade do caminho em relação à meta estabelecida em 2011, que prevê redução de até 28.562 toneladas até 2020. Os dados, divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, englobam os resultados da terceira etapa de um acordo firmado com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).

O objetivo é diminuir o risco de doenças associadas ao alto consumo de sal, como hipertensão – condição que afeta um em cada quatro brasileiros no país. Nessa nova etapa, foram analisados rótulos de margarinas, cereais matinais, caldos e temperos prontos para verificar o percentual de redução do teor de sódio. Juntos, esses alimentos reduziram 7.241 toneladas de sódio entre 2012 e 2015, segundo o balanço divulgado pelo governo.

Como o acordo tem adesão voluntária, não há previsão de punição para quem descumpre as metas. Indústrias, no entanto, recebem uma notificação do governo para que enviem justificativas e informem novas estratégias para reduzir a quantidade de sal.

Segundo a coordenadora de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde Michele Lessa, o principal motivo alegado são dificuldades tecnológicas para reduzir a concentração de sódio sem alterar o sabor do produto. Ela diz, no entanto, que é baixo o número de descumprimentos – segundo o governo, 94% das indústrias desta etapa reduziram os índices.

Para o gerente industrial da Forno de Minas, Pedro Pagin, essa é uma tendência de mercado. “Os consumidores procuram melhorar seus hábitos sem abrir mão da praticidade e do sabor”, diz. Segundo ele, a empresa vem buscando reduções de sódio em seus principais produtos e, em paralelo, desenvolve novas linhas com menor teor possível do mineral e que sejam substitutos apropriados ao processo produtivo.


 
Conscientização
À mesa. Para Michele Lessa, também é preciso reduzir o consumo de sal e açúcar na preparação dos alimentos ou adicionado à mesa. “A população precisa complementar as ações do governo”.
 
Açúcar também deve ser menor
Brasília. Após o acordo para redução da quantidade de sal nos alimentos, o governo também planeja reduzir os índices de açúcar, considerado outro vilão à saúde se consumido em excesso. Em 2015, cerca de metade da população adulta no país, ou 53,9%, estava acima do peso, segundo a pesquisa Vigitel. A medida, já em discussão com a Abia, foi anunciada pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros. A ideia é que seja utilizada metodologia semelhante à aplicada para a redução do sódio. Os produtos a serem analisados, metas e prazos devem ser divulgados até 2017. Até lá, a Anvisa também estuda mudanças para que o teor de açúcar nos alimentos esteja presente com destaque nos rótulos. A indústria, no entanto, alega que a redução não depende apenas dos produtores. “Nossa participação de todo açúcar produzido no país não passa de 19%”, diz Edmund Klotz, da Abia.
 
Brasileiro consome o dobro do indicado
Rio de Janeiro. O brasileiro consome muito sal, mas não tem consciência disso. Segundo a pesquisa Vigitel feita no ano passado, 14,9% dos entrevistados consideram seu consumo alto. A média nacional é de 12 gramas por dia, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cinco gramas, no máximo.

“O consumo de sódio em excesso está associado à elevação da pressão arterial, o que, consequentemente, aumenta a predisposição a doenças cardiovasculares. Esse fator merece atenção no Brasil, já que o brasileiro consome, em média, o dobro da quantidade de sal recomendada pela OMS, ressalta o cardiologista Antônio Alceu dos Santos.

Calorias. A OMS também recomenda que o consumo de açúcar não ultrapasse 10% das calorias diárias. No Brasil, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, a média está em 16,3%. De acordo com a pesquisa Vigitel, o diabetes atingiu 7,4% da população brasileira em 2015, acima dos 5,5% de 2006.

A redução do índice de sódio nos alimentos foi recebida positivamente por nutricionistas, que defendem ainda uma diminuição maior do composto nos produtos e pedem que a indústria encampe também a bandeira da redução de açúcar.

“Pensamos somente no aumento da pressão arterial, mas há outras complicações cardiovasculares advindas do consumo de sódio. O sódio não está somente nos alimentos salgados: produtos diets, por exemplo, tem grande quantidade do composto. Outro ponto importante é a redução da quantidade de açúcar”, comenta a professora do Instituto de Nutrição da UFRJ, Ana Luisa Faller.
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Sobre jaguarverdade

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