"Livrar
o Brasil de Dilma e do PT será uma marca que terei a honra de
carregar", declarou (Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados)
Em um tom de desafio aos adversários políticos, o deputado
afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que o inconformismo com a
abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff está
fazendo com que ele pague o preço neste momento. Em uma entrevista
coletiva que durou quase duas horas, o peemedebista disse que não se
considera "herói" ou "vilão" do afastamento de Dilma, mas não escondeu a
satisfação de ter conduzido o processo. "Livrar o Brasil de Dilma e do
PT será uma marca que terei a honra de carregar", declarou.
Reclamando a todo momento de que era vítima de cerceamento de defesa e
ação seletiva do Ministério Público, que recentemente pediu sua prisão,
Cunha acusou Dilma de ter distribuído cargos, aprovado doação de áreas
no Amapá e liberado emendas para angariar apoio político. "E ninguém
pediu a prisão dela", protestou. Em sua visão, os inquéritos contra
petistas não andam na mesma velocidade que os dele porque a Procuradoria
Geral da República se concentra "em que lhe interessa".
No final da coletiva, o peemedebista reforçou que está suspenso do
mandato e não impedido de exercer seus direitos políticos. Questionado
sobre conversas em torno da possibilidade de renunciar ao cargo de
presidente da Casa, Cunha foi categórico. "Não renunciei e não tenho o
que delatar".
Cunha deixou o prédio do Hotel Nacional, em Brasília, pela saída de
emergência para evitar os manifestantes que gritavam da rua "fora cunha,
bandido".
Processo disciplinar
Cunha afirmou que não trabalha com a hipótese de seu processo
disciplinar ser votado pelo plenário da Casa. Ele disse confiar que a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai atender seus recursos, os
quais apontam nulidades nos trabalhos do Conselho de Ética. O
peemedebista prometeu protocolar os recursos na próxima quinta-feira,
23.
Eduardo Cunha afirmou que as mudanças de voto que aconteceram no
Conselho de Ética foram motivadas por "efeito manada". Apesar de não
citar nomes, o peemedebista se referia ao deputado Wladimir Costa
(SD-PA), que declarou voto a favor de Cunha no colegiado, mas mudou o
voto de última hora, após a deputada Tia Eron (PRB-BA) anunciar que
votaria contra Cunha.
Questionado no fim da entrevista, o presidente afastado da Câmara
afirmou que decidiu vir sozinho para a coletiva por "decisão própria".
Nenhum de seus aliados o acompanhou na entrevista. O presidente afastado
da Casa também informou que pagou do próprio bolso os custos da
entrevista, que durou quase duas horas. Ele deixou o local sob gritos de
"Fora, Cunha, bandido". (AE)
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