Testemunhas dizem que Bob foi baleado na cabeça por PM em viatura que se irritou com latido; caso ganhou força nas redes sociais; os moradores bloquearam ruas e incendiaram ônibus
Moradores fazem protesto na favela de Heliópolis, na zona sul, após a morte do cão Bob
Bob tinha 4 anos, vivia cercado de crianças e era
um dos mascotes da favela de Heliópolis, a maior de São Paulo. O
cachorro não tinha casa nem dono, mas ganhava banho, comida, água e até
roupas dos moradores.
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Na noite do último sábado (11), Bob brincava
perto de duas crianças, de 4 e 7 anos, por volta das 20h, quando correu
atrás de um carro da polícia enquanto latia. De acordo com testemunhas
do caso ouvidas pela BBC Brasil que pediram para não ser identificadas,
um policial se irritou com a situação, sacou uma arma e fez um disparo
fatal na cabeça do cão.
"A mesma viatura já tinha passado umas três vezes
pelo local. Na quarta, um dos policiais sacou a arma de dentro da
viatura e deu um tiró só na cabeça dele [Bob]. Foi muita maldade", disse
uma das testemunhas.
O caso revoltou os moradores da
favela e ganhou repercussão nas redes sociais. A foto do cão morto, ao
lado de um projétil de arma de fogo, se espalhou. Apenas uma das
publicações feitas no Facebook teve mais de 800 compartilhamentos. "É
inacreditável o descontrole de quem mais deveria ter controle! Os
ferozes dentes trazem perigo para a guarnição inteira?", comentou um
internauta.
"Bob irá deixar muita saudade. Acredito que todos que o
conheceram tem uma história para contar", afirmou uma mulher em outra
publicação.
A Polícia Militar informou que, na noite de sábado,
fez patrulhas em áreas próximas a bailes que ocorriam em Heliópolis para
"prevenir crimes e garantir o sossego da população". O órgão, porém,
disse que "não há registro de animais feridos."
Reações no Facebook após a morte: uma das publicações teve mais de 800 compartilhamentos
Manifestação
A indignação dos moradores também se refletiu nas ruas de Heliópolis. As principais vias da região foram bloqueadas em reação à morte do cão, como a estrada das Lágrimas, onde um ônibus foi incendiado. Na avenida Almirante Delamare, moradores viraram caçambas e queimaram lixo para impedir a passagem de veículos.
A indignação dos moradores também se refletiu nas ruas de Heliópolis. As principais vias da região foram bloqueadas em reação à morte do cão, como a estrada das Lágrimas, onde um ônibus foi incendiado. Na avenida Almirante Delamare, moradores viraram caçambas e queimaram lixo para impedir a passagem de veículos.
A Secretaria da Segurança Pública
de São Paulo informou que os protestos foram motivados pela operação
policial contra bailes funk. "A Força Tática chegou no local e os
suspeitos dispersaram", disse a Secretaria por meio de nota.
Para
isso, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha,
registrados em vídeos gravados pelos próprios moradores.
José
Renato Varjão, de 33 anos, disse ter participado do protesto para cobrar
uma punição aos policiais envolvidos no caso. "Você já pensou se todo
motoqueiro que for alvo de latidos de um cachorro resolver matá-los? O
pior é que, logo depois do crime, outros policiais passaram rindo,
zombando da morte do Bob", afirmou.
Manifestação após morte de cachorro causou problemas no trânsito da região de Heliópolis
Bob foi adotado
pelos moradores de Heliópolis após a sua dona se mudar para um
apartamento. Eles dizem que a mulher afirmou que não haveria espaço para
ele na nova casa e deixou o animal na rua.
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Richard Wellington da
Silva, de 23 anos, que costumava alimentar o cachorro, diz que Bob nunca
mordeu ninguém. "Pelo contrário, ele gostava de todo mundo porque era
amado. Uma prova desse carinho foi a quantidade de crianças que choraram
em volta dele quando ele morreu."
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