Em nota, órgão diz que sinais indicam suspeita, mas ‘não há como ter certeza’
Pegou mal. Propaganda da Abin no Facebook nivela como terrorista quem usa ‘roupas destoantes’
Brasília.
Uma publicação feita na sexta-feira passada na página oficial da
Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no Facebook sobre potenciais
suspeitos de terrorismo gerou polêmica entre internautas. Até por volta
de 16h30 de ontem, o post tinha 7.248 compartilhamentos, 1.600
comentários e 2.600 curtidas.
Na
publicação, a Abin pede para “comunicar o agente de segurança mais
próximo” caso sejam vistas pessoas que “utilizam roupas, mochilas e
bolsas destoantes das circunstâncias e do clima”. A propaganda mostra a
foto de um homem, sem rosto identificado, vestindo calça jeans e casaco
com capuz.
A
agência informou por meio de nota que o material faz parte de campanha
de segurança para as Olimpíadas, que ocorrem em agosto, no Rio, e visa
“orientar, de forma contínua, todas as camadas da sociedade para que a
população sinta-se encorajada a contribuir com os órgãos de segurança na
prevenção de ações terroristas”.
Em
um dos comentários, um internauta é irônico ao citar a roupa de homens
que frequentam o Congresso Nacional. “Cuidado ao ver um homem vestindo
paletó e se dirigindo ao Congresso Nacional, muitos parecem
trabalhadores, mas não se engane com suas bolsas destoantes e intenso
nervosismo”, diz o comentário com mais de 3.000 curtidas.
Também
na página da Abin no Facebook, uma internauta critica a propaganda.
“Tenho um filho com transtorno de ansiedade. Quando ele sai procura
sempre roupas que ‘o protejam’, geralmente moletom com touca – e sim,
ele parece sempre bem nervoso na rua, pq ele tem MEDO! (sic) Agora vocês
vão promover uma caça às bruxas com quem não estiver vestido no padrão
de quem estiver vendo?”, questiona a mulher.
Em
nota, a agência afirma que não há descrição que identifique um
terrorista “de forma simples, direta e inequívoca”, mas destaca que
“pequenos indícios” podem apontar para a intenção: “O uso de roupas
inadequadas ao clima ou o nervosismo extremo não consistem,
isoladamente, em motivo para suspeita. No entanto, combinados com outros
elementos, podem representar alerta”, diz o texto.
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