Em meio a um debate no plenário sobre a proposta de abuso de
autoridade, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o
senador Cristovam Buarque (PPS-DF) protagonizaram um bate-boca. Renan
disse que a primeira "delação" que teve notícia foi a de que o
tesoureiro da campanha presidencial do PDT à Presidência em 2006 -
quando o senador concorreu ao Palácio do Planalto - trouxe denúncias de
caixa dois. Em réplica, Cristovam disse que ele "prevaricou" ao não ter
apurado o caso.
"O senhor prevaricou. Se chegou uma denúncia contra mim e o senhor
não apurou, o senhor prevaricou, tinha que levar ao Conselho de Ética",
protestou Cristovam, ao destacar que esse é mais uma motivo para não
apoiar o projeto de Renan que altera a lei de abuso de autoridade.
Inicialmente, Renan disse ter ficado chocado com uma declaração de
Cristovam de que patrocinou o projeto, a pedido do Supremo Tribunal
Federal, por "motivações pessoais". Renan é investigado na Operação Lava
Jato e recentemente teve contra si um pedido - negado pelo Supremo - de
prisão apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Depois, o senador do PPS afirmou que a "sensação geral" é de que o
projeto tinha por objetivo fazer com que os senadores se protejam. E
disse que, por ter sido ele o autor da proposta, "fica ainda mais sobre o
senhor". Renan negou esse intento e pouco depois fez a insinuação sobre
irregularidades na campanha presidencial de Cristovam.
Cobrado pelo colega de Senado, Renan tentou contemporizar, disse que
"nunca" levou em consideração a denúncia porque as delações precisavam
ser regulamentadas e destacou que na ocasião não comandava o Senado.
Cristovam insistiu e disse ter ficado "curioso" sobre o caso. "Então,
vamos apurar, senador! Como o senhor deixou isso guardado?", questionou
ele, ao ponderar que ele era senador, tendo "obrigação" de mandar
apurar.
O bate-boca continuou. "O senhor prevaricou! O senhor prevaricou!",
acusou Cristovam. "E o senhor? E o senhor?", rebateu Renan. "Eu não
prevariquei!", afirmou Cristovam, em tréplica. "Se eu prevariquei, o que
é que aconteceu com o senhor?", disse ainda Renan.
Cristovam repetiu não ter prevaricado e pediu que o presidente do
Senado abra a apuração, que ele disse que iria pedir "agora
oficialmente". Renan não disse mais nada e anunciou o começo das
votações em plenário.
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