Fábio
Cleto disse à força-tarefa da Lava Jato que Eduardo Cunha pode ter
levado até R$ 90 milhões de esquema (Foto: Valter Campanato/EBC)
O ex-vice-presidente Caixa Econômica Federal Fábio Cleto afirmou
ter recebido propina de pelo menos dez grupos de empresas, somando R$
7,3 milhões, em troca da liberação de recursos do Fundo de Investimento
do FGTS (FI-FGTS).
Em sua delação premiada, o apadrinhado político de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) disse ainda que teria direito a 8% da propina acordada, mas
repassava metade a um sócio. Cleto afirmou ainda que Cunha era
destinatário de 80% da propina. Dada a proporção, isso significaria a
bagatela de R$ 90 milhões. A intermediação do dinheiro seria do operador
Lúcio Bolonha Funaro - preso na última sexta, 1º, na Operação
Sépsis, com base na delação de Cleto.
Sob sigilo, o teor do depoimento de Cleto aos investigadores da Lava
Jato, em 12 de abril, foi divulgado pelo jornal o Estado de São Paulo,
nesta segunda-feira, 4.
Aos investigadores, Cleto, que além de vice da Caixa, integrava o
conselho do fundo de investimentos do FGTS, atuando na liberação de
recursos para empresas, relatou ter recebido US$ 2,1 milhões por meio de
transferências a suas contas na Suíça e R$ 520 mil de dinheiro em
espécie, sempre por meio de cobrança que Cunha faria a empresas
interessadas em recursos da Caixa.
As dez empresas listadas por Cleto são: Porto Maravilha (consórcio
formado por Carioca Engenharia, OAS e Odebrecht), Haztec, Aquapolo
(formada por Odebrecht e Sabesp), OAS, BR Vias (de Henrique Constantino,
dono da Gol), Saneatins (controlada pela Odebrecht Ambiental), LLX (de
Eike Batista), Eldorado Celulose (parte do grupo da JBS), Brado
Logísticas (tem como acionistas os grupos ALL, BRZ, Deminvest e
Dimitrios Markakis) e "Linhas Amarelas do Metrô", do Rio de Janeiro.
Juntas, elas captaram mais de R$ 6,5 bilhões do FGTS.
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