Crescente uso de depósitos para armazenar água é diretamente relacionado à facilidade de reprodução do mosquito Aedes aegypti
Depósito com água pode ser criadouro do mosquito Aedes aegypti
Enquanto há expectativa pela
definição de racionamento de água na Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF), gestores da Saúde do Estado e da Capital antecipam a preocupação
com o aumento de casos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes
aegypti. Este efeito do racionamento é explicado pelo uso crescente de
depósitos para armazenar água nas casas, criando cenários favoráveis à
proliferação do vetor.
Tambores, tanques, poços e mais
caixas d’água são alternativas encontradas pela população nas cidades em
racionamento. Se cresce o número de depósitos, aumentam os riscos de
negligência em vedar os recipientes e combater a reprodução do mosquito,
explica Nélio Morais, gerente da Célula de Vigilância Ambiental da
Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Ele ressalta que a
abordagem educativa dos moradores pode ser a ação mais eficaz. “Temos
que ser competentes no controle, e a população tem que fazer o dever de
casa para não gerar ainda mais criadouros”, resume Morais.
Ele
aponta que entre 70% e 80% dos casos de dengue ocorrem no primeiro
semestre do ano, quando as condições de calor e umidade favorecem o
ciclo reprodutivo do Aedes aegypti. Mas o racionamento pode entrar como
fator positivo para a infestação do mosquito, que transmite também o
zika vírus e a febre chikungunya.
“Não basta vedar ou jogar
água fora. O depósito precisa ser limpo pelo menos uma vez por semana”,
alerta Roberta de Paula Oliveira, supervisora do Núcleo de Controle de
Vetores da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Diante do alerta pelo
racionamento na RMF, ela explica que a Sesa vai atuar na orientação dos
moradores. O diálogo com outras secretarias para ações do Governo deve
aguardar a definição de como funcionará o abastecimento.
As
cidades que já enfrentam restrição de água no Sertão Central, como
Canindé e Quixeramobim, estão entre os 26 municípios do Ceará com risco
de surto por altos índices de infestação do mosquito. No Estado, 50,1%
dos focos do mosquito são encontrados em depósitos ao nível do solo.
Os
dados e as informações foram apresentados ontem, durante o seminário
Arboviroses: dengue, zika e febre chikungunya. O evento foi realizado
pela SMS na Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Saiba mais
Ceará
Em 2016, o Estado já confirmou 14.524 casos de dengue, 4.821 de chikungunya e 336 de zika.
Entre
as ações de combate ao mosquito, foram mais de 5 mil telas de nylon
distribuídas pelo Governo do Estado. Em 62 municípios, as visitas
domiciliares de agentes não atingiram a meta de 80% de cobertura.
Fortaleza
Foram quatro óbitos confirmados por dengue em Fortaleza neste ano. A doença foi confirmada em 7.851 pacientes.
Os
casos de chikungunya foram confirmados em 4.826 pacientes. A
infestação do Aedes, que pode ser acelerada com a época de
racionamento, tem potencial de atingir os bairros da Regional VI.
Na
Capital, são 784 casos confirmados de zika, dos quais 70 são em
gestantes. Por instabilidade no sistema, ainda há cerca de 1,8 mil
fichas de pacientes a serem digitadas e incluídas para atualizar as
notificações.
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