A Polícia Federal encontrou nos celulares do segundo maior
empreiteiro do País pego na Lava Jato e que fechou acordo de delação
premiada, Otávio Marques de Azevedo, vários diálogos com o ex-presidente
da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em um deles, de 1.º de
abril de 2014, chamou a atenção dos investigadores o fato de Cunha
confirmar a Otávio que atendeu a uma demanda da CNO (sigla para
Construtora Norberto Odebrecht) para modificar um trecho de um projeto
de lei “em segredo”. Confira o trecho do diálogo abaixo:
OTÁVIO MARQUES: “Eduardo, estas modificações propostas pela CNO estão aceitas pelo Governo e a Câmara?
(1) não aplicação expressa do parágrafo 2º do art83 ao regime especial do parágrafo 10º do art 83;
(2) supressão do parágrafo 8º do art. 74,
Soube por eles: O ponto (1) acima estará alinhado entre o relator e a Fazenda, mas gostaria de assegurar que é isso mesmo!
Abs”
EDUARDO CUNHA: “Esse ponto 1 eu acertei, mas tem de ser em segredo. O segundo não”
O relatório da PF não deixa claro qual o projeto de lei que os dois
discutiram, mas reforça as suspeitas levantadas pelo procurador-geral da
República Rodrigo Janot de que o peemedebista atuava como ‘longa manus’
das empreiteiras no Congresso. Uma das linhas de investigação contra
Eduardo Cunha no STF é justamente sobre a suposta atuação do
peemedebista para fazer lobby e cobrar recursos de empresas em
diferentes projetos de leis e medidas em tramitação no Congresso.
Os investigadores também localizaram outros diálogos entre Cunha e o
empreiteiro. Em um deles, ocorrido em setembro de 2011, o parlamentar
conversa com Otávio sobre o envio de um “material”, que a conversa não
deixa claro. Em outro diálogo, de fevereiro de 2014, os dois marcam um
encontro na residência de Otávio Azevedo.
Atualmente, o ex-presidente da Câmara já é réu em duas ações penais
acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fiscal e fraude
eleitoral por supostamente ter recebido propinas em contratos de
navios-sonda da Petrobrás e também por ter mantido o dinheiro das
propinas em contas secretas e offshores na Suíça.
Além disso, ele é alvo de uma terceira denúncia, que ainda será
analisada pelo Supremo, acusado de receber propinas em um esquema de
corrupção envolvendo empresas que receberam financiamentos do fundo de
investimentos do FGTS (FI-FGTS), que seria controlado pelo peemedebista
por meio de seu afilhado nomeado vice-presidente da Caixa Fabio Cleto.
Com o avanço da Lava Jato ele deixou o cargo no banco estatal, acabou
fechando um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal
e detalhou o esquema de corrupção comandado por Cunha que, segundo o
delator, teria recebido propinas em 12 projetos de empresas financiados
pelo fundo. O lobitsa e amigo próximo de Cunha Lúcio Funaro, que também
compunha o esquema ajudando a cobrar a propina das empresas, foi preso
recentemente pelo Supremo e negocia um acordo de delação premiada.
Defesa da Gutierrez
“A Andrade Gutierrez mantém o compromisso de colaborar com a Justiça.
Além disto, tem feito propostas concretas para dar mais transparência e
eficiência nas relações entre setores público e privado.” (AE)
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