Conflitos políticos e posts demais: alguns amigos têm muito mais chances que os outros de cair fora da sua rede virtual.
As pessoas tem, em média, 338 amigos do Facebook - muito
mais do que são capazes de manter na vida real. É mais fácil dizer "sim"
do que "não" quando você recebe uma solicitação de amizade na rede e
assim vamos acumulando centenas de colegas virtuais. Agora, os
pesquisadores estão tentando entender o fenômeno contrário: o que está
por trás do impulso de desfazer uma amizade no Facebook?
Christopher Sibona, da Universidade de Colorado, em Denver, decidiu
investigar quais amigos tem mais chance de não passar pela cyberpeneira
das amizades. Ele entrevistou mais de mil usuários da rede de Zuckerberg para chegar a uma resposta.
A conclusão foi de que o maior inimigo das suas amizades
facebookianas é a passagem do tempo. Os amigos da época do colegial
ficam em primeiro lugar nas relações virtuais desfeitas. No top 5,
também estavam os contatos profissionais, de colegas de trabalho a
clientes e fornecedores. Mas os motivos para cortar essas pessoas da sua
vida online são muito diferentes.
De acordo com a pesquisa, deletamos os amigos do colegial por dois
motivos principais: eles postam conteúdo radical sobre política e
religião ou fazem um grande número de posts sobre assuntos
irrelevantes. A teoria de Sibona é que somos menos tolerantes com as
besteiras postadas por esse tipo de amizade antiga. "É possível que, no
colegial, as pessoas não soubessem as posições políticas e religiosas
umas das outras. Também é possível que um deles (ou ambos) tenha mudado
suas visões desde aquela época", diz o estudo.
Existe ainda uma terceira possibilidade: seus "amigos" do
colégio nunca foram tão amigos assim. Quando duas pessoas dividem um
contexto social (trabalham na mesma empresa, ou estudam na mesma
insituição), elas ficam amigas online por "vigilância social" -
basicamente, para saber o que as outras pessoas desse ambiente estão
fazendo. Quando acaba a escola ou a faculdade, não é mais tão
interessante saber pra que boteco os coleguinhas foram na sexta à noite,
e aí não existe um motivo forte o bastante para manter aquele perfil na
sua rede.
Tirar seus amigos do colégio do Facebook não é nada pessoal - é uma
questão da rede em si. Agora, no trabalho, uma amizade desfeita online
indica que as coisas não vão bem no escritório. Segundo os estudos de
Sibona, o maior motivo para deletarmos uma amizade profissional do mundo
virtual são problemas offline. Somos muito mais pacientes com os posts
bobos ou radicais dos colegas de trabalho, mas, no momento em que
acontece um desentendimento real, o próximo passo é desfazer a amizade
no Facebook.
Para o autor do estudo, é provável que deletar alguém do trabalho,
com quem existe contato na vida real do dia-a-dia, só por causa de posts
chatos, cause situações constrangedoras. Assim, só existe um rompimento
virtual depois que a relação real está prejudicada.
Outros fatores também afetam seu hábito de tirar amigos da rede, como
idade e gênero. Pessoas mais jovens costumam deletar colegas com mais
frequência e são menos tolerantes com as pessoas que postam demais. Já
as mulheres tendem a ser mais pacientes que os homens tanto com as
besteiras virtuais quanto sobre as ideias polêmicas dos colegas sobre
política e religião.
O autor do estudo pretende continuar estudanto o assunto para tentar
modelar um "ciclo de vida" da amizade: como ela começa, quando termina e
se existe um tempo típico de duração para uma relação entre duas
pessoas. Além disso, ele quer analisar qual a diferença entre as
amizades que duram a vida toda e aquelas que só sobrevivem até o próximo
escândalo político.
Por
Ana Carolina Leonardi
Editado por
Denis Russo Burgierman
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