O ex-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Fábio Medina Osório,
demitido nesta sexta-feira, 9, voltou a relacionar sua saída à suposta
insatisfação do Palácio do Planalto com medidas tomadas pela AGU no
âmbito da Operação Lava Jato. Em entrevista neste sábado à Rádio Guaíba,
do Rio Grande do Sul, ele disse que foi afastado por ter tomado
iniciativas mirando empreiteiras e políticos. Osório acusou o governo de
"obstaculizar" o trabalho da AGU e criticou a atuação do ministro da
Casa Civil, Eliseu Padilha.
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O ex-advogado-geral da União reiterou que é da AGU a competência de
proteger o erário público e buscar o ressarcimento de danos causados
pela corrupção. Segundo ele, o governo federal não tem interesse em
agilizar processos nesse sentido. "Desde o primeiro momento em que
ajuizamos ações de improbidade contra empreiteiras, buscando
ressarcimento de quase R$ 12 bilhões, no início da minha gestão, eu fui
submetido a um processo difamatório constante e contínuo", afirmou.
"Falaram mentiras de toda a espécie para tentar justificar a
desconstrução moral de uma autoridade."
De acordo Osório, o "ponto culminante", que gerou um atrito com
Eliseu Padilha, se deu quando a AGU solicitou ao Supremo Tribunal
Federal (STF) acesso a inquéritos que apuram a participação de
integrantes da base do governo no esquema apurado pela Lava Jato. "Ele
(Padilha) entende que a AGU tem que estar a serviço dos interesses do
governo", relatou Osório na entrevista.
Osório disse que Padilha concentra "superpoderes" na Casa Civil e
tenta "confundir" a opinião pública. "Dizer que eu não tenho
relacionamento no STF para justificar a minha saída é uma falácia, uma
mentira. O Padilha, através da Casa Civil, fica espalhando essas notas
maldosas, falando em nome do Planalto", afirmou. "De algum modo eu fui
alvejado no cargo em função da minha atuação no âmbito da Operação Lava
Jato."
O ex-advogado-geral da União citou que o ministro Teori Zavascki, do
STF, autorizou o compartilhamento de inquéritos da Lava Jato com a AGU,
mas o material não foi entregue. "Fomos impedidos de acessar esses
inquéritos", disse Osório. "É muito grave isso que vem ocorrendo com uma
obstaculização do trabalho da AGU."
Osório assumiu a chefia da AGU em maio deste ano, apadrinhado pelo
próprio Padilha, no início do governo interino de Michel Temer. Na
entrevista à Rádio Guaíba, o ex-advogado-geral da União também afirmou
que sua sucessora, a ministra Grace Mendonça, tem qualidades técnicas
irrefutáveis. "Esperemos que ela exerça com autonomia e independência,
sem cerceamento a suas prerrogativas e sem ser submetida ao processo de
difamação a que eu fui submetido", disse.
Neste sábado, 10, a AGU divulgou uma nota dizendo que as recentes
declarações do ex-chefe da instituição, de que o Planalto estaria
tentando "abafar" a Operação Lava Jato, "atestam o total desconhecimento
das rotinas e procedimentos internos da instituição. O texto destaca
que a defesa do erário e o combate à corrupção "é e continuará sendo sua
principal missão".
"As atividades institucionais continuarão pautadas pelos mais
elevados princípios constitucionais que norteiam a Administração
Pública", diz a nota, já sob condução da ministra Grace Mendonça. (AE)
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