Perícia
revela que Jonas Suassuna movimentou R$ 5 milhões, em média, por ano,
entre 2004 e 2015, 'sugerindo a possibilidade de ter havido destinações
não declaradas ao fisco' (Foto: Márcio Fernandes/Estadão Conteúdo)
Ao
rastrear as movimentações financeiras e o patrimônio do empresário
Jonas Suassuna, responsável pela compra do sítio em Atibaia frequentado
pelo ex-presidente Lula e sua família e que recebeu reformas da
empreiteira OAS, os peritos da Polícia Federal identificaram um fluxo
de R$ 5 milhões, em média, por ano, sem uma destinação identificada.
Segundo a PF, estes valores ‘equivalem a mais de R$ 400 mil mensais,
um padrão elevado de despesas não declaradas, sugerindo a possibilidade
de ter havido destinações não declaradas ao fisco’.
Os dados constam do laudo 2005/2016, assinado pelo perito criminal federal Ricardo Samú Sobrinho.
Foram analisados os dados fiscais e bancários do empresário entre
2004 e 2015, revelando que seu patrimônio cresceu 11,5 vezes no período,
saltando de R$ 2,8 milhões em 2004 para R$ 32,9 milhões em 2015.
O sítio Santa Bárbara, em Atibaia, é alvo de uma devassa da PF. Os
investigadores suspeitam que Lula é o verdadeiro proprietário do imóvel,
o que é negado enfaticamente pelo petista.
Formalmente, segundo os registros em cartório, Suassuna é o dono do
sítio. O laudo foi anexado aos autos do inquérito sobre o sítio.
A perícia identificou que a análise da evolução patrimonial de
Suassuna teve lastro nas declarações do empresário à Receita Federal.
O perito destacou o fato de que a movimentação financeira de Suassuna
foi ‘maior que os rendimentos declarados em 2008, 2009, 2010, 2011 e
2013′.
“Os valores de rendimentos declarados não equivalem com os da
movimentação financeira analisada”, aponta o perito destacando que as
disparidades identificadas foram maiores ’em especial nos anos de 2008
com 1,75 vezes os rendimentos, 2010 com 1,34 vezes e 2013, com 1,66
vezes os rendimentos’, segue o laudo.
As investigações do patrimônio de Suassuna fazem parte do inquérito
da Lava Jato que investiga se o ex-presidente Lula seria o verdadeiro
proprietário do sítio em Atibaia, valendo-se de supostos laranjas para
ocultar o patrimônio, e se ele teria se beneficiado de obras no imóvel
promovidas pela empreiteira OAS, investigada no esquema de corrupção na
Petrobrás.
A OAS é de um amigo de Lula, o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora atualmente preso em Curitiba.
Jonas Suassuna foi o comprador de um dos imóveis, o sítio Santa
Denise, que mais tarde veio a se juntar com outro imóvel, adquirido pelo
empresário Fernando Bittar no mesmo período, que constituem o sítio
conhecido atualmente como Santa Bárbara e que era frequentado por Lula e
seus familiares e amigos.
O Santa Bárbara é a parte menor da área, onde fica a casa com piscina e churrasqueira.
A compra dos dois imóveis que formam o sítio foi feita em 29 de
outubro de 2010, no valor total de R$ 1,5 milhão (R$ 500 mil de Suassuna
e R$ 1 milhão de Bittar).
Em 2014, a cozinha do sítio passou por uma reforma de R$ 252
mil bancada pela OAS e acompanhada de perto pelo arquiteto da
empreiteira Paulo Gordilho. A PF identificou que nem Jonas Suassuna e
nem Fernando Bittar declararam gastos com estas reformas no imóvel.
A reportagem entrou em contato com o escritório que defende Jonas Suassuna e deixou recado, mas ainda não obteve retorno. (AE)
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