Braço direito de Temer é acusado de abuso de autoridade ao pressionar ex-colega a tomar decisão
Suspeita. Aliado de Temer, Geddel negou que pressionou o ex-colega para ignorar parecer do Iphan
Brasília. Um interlocutor do presidente Michel Temer
afirmou nesse sábado (19) que a situação do ministro da Secretaria de
Governo, Geddel Vieira Lima, é “gravíssima”. Segundo ele, a pressão que
Geddel teria feito sobre o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para a
liberação de uma construção de imóvel de sua propriedade configura
abuso de autoridade. Para esse assessor, Geddel perde as condições de
falar em nome do governo, como articulador político, para tratar de
pautas tão caras a Temer, como a PEC do teto de gastos e a reforma da
Previdência.
Calero pediu demissão na sexta-feira à noite e, em entrevista à “Folha de S. Paulo” revelou que foi procurado cinco vezes pelo ex-colega de governo para que intercedesse na aprovação de um projeto imobiliário em Salvador, em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado ao Ministério da Cultura.
“Esse embaraço para Geddel ainda vai render muito. Fazer uso de sua posição para interesse pessoal é gravíssimo. Ele usou o nome do presidente, isso não é adequado. A menos que o presidente tivesse pedido. E não pediu. É abuso de autoridade”, avaliou o assessor, em entrevista a “O Globo”.
O auxiliar de Temer conta que Calero esteve com Temer na quinta-feira à noite para informá-lo sobre sua decisão de deixar o governo. O presidente teria pedido um tempo para verificar os fatos relatados, mas Calero disse que a decisão já estava tomada.
No Palácio do Planalto há temores de que novos desdobramentos possam surgir a partir desse episódio, por exemplo, uma investigação da Comissão de Ética Pública ou do Ministério Público em torno da titularidade do imóvel, se está declarado no Imposto de Renda e se há irregularidades. Nesse sábado (19), o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Mauro Menezes, anunciou que decidiu levar ao colegiado, já “na manhã de segunda-feira”, as denúncias de Calero. A comissão não tem poder de afastar ministro, mas pode sugerir ao presidente da República, a demissão da autoridade no cargo, depois de analisar o caso e ouvir os envolvidos.
Segundo o ex-ministro, Geddel disse ser dono de um apartamento no prédio que dependia de aprovação federal, após ter sido liberado pelo Iphan da Bahia, comandado por seus aliados. A “O Globo”, Geddel admitiu ter conversado com o ex-ministro sobre o assunto, mas negou tê-lo pressionado a obter a licença do Iphan. Geddel, porém, afirma que permanece no cargo e que, em conversa com o presidente Michel Temer, nesse sábado (19), ouviu de seu chefe que o episódio é “página virada”.
Temer passou o sábado em São Paulo, de onde observou a repercussão do caso. Ele volta a Brasília neste domingo (20) e deve reunir seus assessores mais próximos para discutir o futuro de Geddel.
Calero pediu demissão na sexta-feira à noite e, em entrevista à “Folha de S. Paulo” revelou que foi procurado cinco vezes pelo ex-colega de governo para que intercedesse na aprovação de um projeto imobiliário em Salvador, em área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado ao Ministério da Cultura.
“Esse embaraço para Geddel ainda vai render muito. Fazer uso de sua posição para interesse pessoal é gravíssimo. Ele usou o nome do presidente, isso não é adequado. A menos que o presidente tivesse pedido. E não pediu. É abuso de autoridade”, avaliou o assessor, em entrevista a “O Globo”.
O auxiliar de Temer conta que Calero esteve com Temer na quinta-feira à noite para informá-lo sobre sua decisão de deixar o governo. O presidente teria pedido um tempo para verificar os fatos relatados, mas Calero disse que a decisão já estava tomada.
No Palácio do Planalto há temores de que novos desdobramentos possam surgir a partir desse episódio, por exemplo, uma investigação da Comissão de Ética Pública ou do Ministério Público em torno da titularidade do imóvel, se está declarado no Imposto de Renda e se há irregularidades. Nesse sábado (19), o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Mauro Menezes, anunciou que decidiu levar ao colegiado, já “na manhã de segunda-feira”, as denúncias de Calero. A comissão não tem poder de afastar ministro, mas pode sugerir ao presidente da República, a demissão da autoridade no cargo, depois de analisar o caso e ouvir os envolvidos.
Segundo o ex-ministro, Geddel disse ser dono de um apartamento no prédio que dependia de aprovação federal, após ter sido liberado pelo Iphan da Bahia, comandado por seus aliados. A “O Globo”, Geddel admitiu ter conversado com o ex-ministro sobre o assunto, mas negou tê-lo pressionado a obter a licença do Iphan. Geddel, porém, afirma que permanece no cargo e que, em conversa com o presidente Michel Temer, nesse sábado (19), ouviu de seu chefe que o episódio é “página virada”.
Temer passou o sábado em São Paulo, de onde observou a repercussão do caso. Ele volta a Brasília neste domingo (20) e deve reunir seus assessores mais próximos para discutir o futuro de Geddel.
Itamaraty. Marcelo Calero já informou ao Ministério
das Relações Exteriores que vai se reapresentar. Diplomata de carreira
desde 2007, Calero é atualmente primeiro secretário. Ainda não está
decidido onde o ex-ministro será alocado.
Câmara
Oposição quer uma acareação dos dois
FOTO: DENILTON DIAS - 19.8.2016 |
Um dia após pedir demissão, Marcelo Calero denunciou o ex-colega |
Brasília. A oposição na Câmara dos Deputados vai pedir a convocação do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para que expliquem a pressão política que teria sido feita por Geddel para que o Iphan liberasse a construção do imóvel em Salvador (BA).
A oposição quer uma acareação entre os dois para falar sobre o assunto. “Vamos chamar os dois na Câmara. Calero, para deixar mais explícito os motivos que levaram a seu pedido de demissão. E Geddel, para que explique a acusação. Eles vão ter de dar explicações ao Poder Legislativo”, afirmou a líder da minoria na Casa, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Segundo ela, a convocação deve ser pedida nas comissões de Cultura ou de Fiscalização e Controle, ambas presididas por deputados do PT. Jandira também é defensora da acareação entre os dois ministros na comissão.
A deputada afirmou, ainda, que entrará com pedido de afastamento de Geddel do governo até que a situação seja esclarecida. Para ela, a pressão que teria sido feita por Geddel mostra a face “improba” do governo Michel Temer. “À essa altura, a gente não sabe se Calero pediu demissão ou se foi demitido por ter se recusado a autorizar uma obra por Geddel, um cara importantíssimo no governo”, afirmou.
Região nobre
Imóvel é avaliado em R$ 2,5 mi
Brasília. No centro da polêmica que custou o cargo ao
ex-ministro da Cultura Marcelo Calero está um empreendimento de alto
padrão, em um bairro nobre de Salvador, com unidades vendidas a partir
de R$ 2,5 milhões. Não por acaso, o prédio de 30 andares recebeu o nome
de La Vue – vista, em francês. No site do empreendimento, a promessa é
de vista total para a Baía de Todos os Santos, o que será prejudicado
com a decisão do Iphan de não permitir prédios maiores do que 13 andares
na região.
Segundo Calero, sua saída do cargo foi decidida após ter sofrido pressão do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberar a obra, onde o ministro tem um apartamento. O prédio tem 24 apartamentos, um por andar. São 23 unidades de 259 metros quadrados, com quatro suítes e uma cobertura “top house” de 450 metros quadrados. Todas as unidades têm quatro vagas de garagem, além de vagas para visitantes.
O empreendimento prevê ainda piscina com borda infinita e vista para o mar, espaço gourmet, academia, SPA, sauna, sala de jogos, brinquedoteca, quadra e parque infantil. Segundo corretores, apesar dos problemas que envolvem o processo de licenciamento da obra, o prédio estaria em fase de construção e, inclusive, com apartamentos à venda. O prédio é construído pela empresa Cosbat Engenharia. Trata-se de um dos prédios mais nobres de toda a região.
Segundo Calero, sua saída do cargo foi decidida após ter sofrido pressão do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberar a obra, onde o ministro tem um apartamento. O prédio tem 24 apartamentos, um por andar. São 23 unidades de 259 metros quadrados, com quatro suítes e uma cobertura “top house” de 450 metros quadrados. Todas as unidades têm quatro vagas de garagem, além de vagas para visitantes.
O empreendimento prevê ainda piscina com borda infinita e vista para o mar, espaço gourmet, academia, SPA, sauna, sala de jogos, brinquedoteca, quadra e parque infantil. Segundo corretores, apesar dos problemas que envolvem o processo de licenciamento da obra, o prédio estaria em fase de construção e, inclusive, com apartamentos à venda. O prédio é construído pela empresa Cosbat Engenharia. Trata-se de um dos prédios mais nobres de toda a região.
Trabalhadores elogiam Calero e pedem apuração dos fatos
São Paulo. A Associação dos Trabalhadores do Iphan
(Asphan) saiu em defesa do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que
deixou o cargo nessa sexta-feira (18). “Cumpre à Asphan lamentar a saída
do ministro Marcelo Calero, que pediu exoneração alegando pressões
políticas, pois se negou a interferir em decisão técnica do Iphan para
atender interesses pessoais do também ministro Geddel Vieira Lima,
proprietário de apartamento em edificação embargada pela autarquia.
Demonstrou, com seu ato, ser homem digno e probo”, disse a entidade, em
nota.
A associação também elogiou a conduta da presidente do órgão, Kátia Bogea, por ter zelado “pela prevalência de critérios impessoais nas decisões públicas” e disseram esperar apuração dos fatos.
A associação também elogiou a conduta da presidente do órgão, Kátia Bogea, por ter zelado “pela prevalência de critérios impessoais nas decisões públicas” e disseram esperar apuração dos fatos.
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