Diretora da H.Stern diz que levava à casa de Cabral joias pagas com dinheiro vivo
Joias
diversas recolhidas pela Polícia Federal durante a operação Calicute,
que resultou na prisão do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB)
A diretora comercial da H.Stern, Maria Luiza Trotta, afirmou em
depoimento à Polícia Federal que levava joias, anéis de brilhante e
pedras preciosas na residência de Sérgio Cabral (PMDB), para que o
ex-governador e sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, fizessem uma
"seleção" da peça a ser escolhida. Segundo ela, os pagamentos era feitos
em dinheiro vivo.
Maria Luiza disse que "chegou a vender joias
no valor de até R$ 100 mil a Sérgio Cabral, tais como anéis de brilhante
ou outros tipos de pedras preciosas, sendo o pagamento ainda que em
tais quantias realizado em dinheiro"; A diretora declarou trabalhar na
H.Stern há 34 anos.
De acordo com ela, o dinheiro em espécie era
levado a uma loja da joalheria, em Ipanema, na zona sul do Rio, por
Carlos Miranda - apontado pela Operação Calicute, desdobramento da Lava
Jato, como o "homem da mala" de Sérgio Cabral.
A testemunha
revelou à PF que passou a atender "pessoalmente" o peemedebista quando
ele ainda estava no comando do Governo do Rio, em 2013. Cabral foi
governador em dois mandatos, entre 2007 e 2014.
"Os atendimentos
feitos pela declarante a Sérgio Cabral sempre foram feitos no interior
da residência deste; que, os atendimentos eram agendados com a
declarante por Carlos Miranda ou algum outro/a secretário/a de Sérgio
Cabral; que, a declarante então, nesses encontros na casa de Sérgio
Cabral levava joias de amostragem, as quais eram selecionadas ou não
pelo próprio Sérgio Cabral ou por sua esposa", diz o depoimento da
diretora.
Segundo Maria Luiza, o ex-assessor de Sérgio Cabral
"ou outros portadores não identificados do dinheiro em espécie eram
dirigidos à tesouraria". A diretora não soube informar sobre a emissão
de notas fiscais.
"Todas as joias tinham certificados que eram
entregues a Sérgio Cabral e/ou esposa, sendo certo que a empresa não
guarda cópia de tais certificados por questão de confidencialidade",
declarou.
O depoimento foi prestado em 17 de novembro, dia da
deflagração da Operação Calicute, que prendeu Sérgio Cabral
preventivamente. O ex-governador está em Bangu 8.
A PF exigiu de
Maria Luiz no prazo de 24 horas "todas as cópias de notas ficais de
venda realizadas entre H. Stern e Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo".
A diretora informou que Carlos Bezerra, a quem a PF atribui o papel de
operador de propinas de Cabral, pode ter atuado "como portador de
valores de pagamentos de joias compradas pelo ex-governador".
Em
depoimento à PF, no dia em que foi preso, Cabral declarou que "não se
recorda" das compras das joias. O peemedebista se disse também
"indignado" com as "mentiras" dos delatores que afirmaram ter pago
propinas a ele e seus aliados referentes às grandes obras do governo do
Rio.
O Estadão De São Paulo
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