O Estado é um dos oito no Brasil com confirmação de casos com esse tipo mais agressivo de vírus
Aumenta a preocupação de infectologistas com o avanço da dengue.
Segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (MS),
relativos até setembro deste ano, o Ceará é um dos oito no Brasil que
registram a reintrodução do sorotipo 2 da doença, o mais agressivo dos
quatro vírus em circulação no País. Pará, Distrito Federal, São Paulo,
Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também identificaram
o reaparecimento desse tipo. Segundo o MS, foram analisadas três mil
amostras positivas em laboratório, 5,7% já são do tipo 2. Dos 181 exames
de pacientes cearenses, 36 deram diagnósticos para a dengue, sendo 2,8%
do sorotipo mais virulento.
O Ceará não enfrentava esse tipo de vírus desde 2009, quando conseguiu
erradicá-lo de seu território e, por isso, seu retorno representa grande
apreensão por parte da área de saúde. O infectologista pediátrico do
Hospital São José, Robério Leite, aponta que toda uma população que
nunca teve dengue corre perigo, "mesmo aqueles que tiveram de outros
sorotipos, pois, a doença é diferente da chikungunya ou zika, que só tem
um vírus, e quem já teve está imunizados naturalmente". O médico não
esconde o temor com o reaparecimento do tipo 2. "Imagine todas as
crianças com até sete anos de idade. Elas estão desprotegidas e nossa
inquietação tem sentido. Todos os anos que um sorotipo volta circular,
existe maiores chances de epidemias de maior gravidade e precisamos sim
nos organizar para não deixar isso ocorrer", defende.
De acordo com o especialista, grande parte da população teve o tipo 1,
enfrentando epidemias em anos como 2011, 2012, 2014 e ano passado. "A
ocorrência de uma segunda infecção por outro sorotipo aumenta o risco de
desenvolvimento de uma das formas graves da doença, que podem levar à
morte, como a febre hemorrágica", afirma e diz concordar com a Sociedade
Brasileira de Dengue e Arboviroses, que aponta risco de desenvolvimento
de uma forma grave da dengue é de 15 a 20 vezes maior quando se trata
de uma segunda infecção.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informa em nota, que não irá se
pronunciar e que está em fase de finalização do Plano de Contingência
das Arboviroses para 2017, que será lançado no fim deste mês e estará
disponível na página oficial do órgão.
"Como medidas de controle vetorial que estão sendo adotadas nos meses
de novembro e dezembro estão a intensificação do acompanhamento do dado
das visitas domiciliares realizadas pelos municípios, visitas técnicas e
orientações aos municípios e Coordenadorias Regionais de Saúde (CRES),
incentivos à realização de Levantamento Rápido do Índice de Infestação
Aedes aegypti (LIRAs) para o melhor planejamento das ações para 2017",
diz, via assessoria de comunicação.
O boletim mais recente da Sesa informa que o Ceará soma 34,4 mil casos
confirmados da doença até novembro em 2016, com 25 mortes. Em relação ao
mesmo período do ano passado houve um redução de 34,1% ante os 52, 2
mil em 2015, com 63 óbitos. Sobre os sorotipos circulantes, a Sesa
constatou o tipo 2 numa amostra em Caucaia. O Denvi circula de forma
predominante no Estado.
Diurno
A bióloga Denise Valle, pesquisadora do laboratório de biologia
molecular de flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz),
ressalta que o Aedes aegypti é, geralmente, diurno: prefere sair em
busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde, evitando os momentos mais
quentes do dia.
"Mas ele é oportunista. Se não tiver conseguido se alimentar durante o
dia, vai picar de noite. Isso não ocorre com o pernilongo, por exemplo,
que é noturno e só vai estar quando o sol começa a se pôr".
Por
Leda Gonçalves - Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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