Sintomas aumentaram em bebês com mães ingeriram o remédio. Estudo foi publicado pela revista 'International Journal of Epidemiology'.
A exposição ao paracetamol durante a gestação pode aumentar os sintomas
do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e da hiperatividade em
crianças, revelou um estudo publicado nesta sexta-feira na revista
"International Journal of Epidemiology".
A pesquisa, liderada pelo Instituto de Salud Global (ISGlobal), em Barcelona,
descobriu que o paracetamol (acetaminofeno), muito usado durante a
gravidez, tem forte associação com sintomas do autismo em meninos e com
sintomas relacionados ao déficit de atenção e a hiperatividade em ambos
os sexos.
Segundo o pesquisador do ISGlobal e coautor da pesquisa, Jordi Júlvez,
este é o primeiro estudo do tipo que descreve uma associação
independente entre o uso deste fármaco durante o pré-natal e os sintomas
do TEA em crianças. Esta também é a primeira análise que indica
diferentes efeitos do paracetamol sobre o neurodesenvolvimento conforme o
sexo.
O estudo comparou meninos e meninas expostos de forma persistente ao
paracetamol com os não expostos, e encontrou um aumento de 30% do risco
para algumas funções da atenção, assim como um aumento dos sintomas do
espectro autista no caso dos meninos apenas.
Os pesquisadores recrutaram 2.644 duplas de mãe e filho da Espanha e
algumas eram avaliadas quando a criança estava com um ano, enquanto
outras eram avaliadas aos cinco anos. As mães deveriam responder se
tinham tomado paracetamol na gestação e a frequência de uso era
classificada como "nunca, esporadicamente ou frequentemente".
Em 43% dos casos das crianças avaliadas com um ano e em 41% dos casos
das crianças avaliadas aos cinco anos a exposição ao paracetamol
aconteceu em algum momento durante as primeiras 32 semanas de gravidez.
Quando avaliaram aos cinco anos, as crianças expostas tinham
aproximadamente 40% mais chances de ter sintomas de hiperatividade ou
impulsividade que os não expostos.
Meninos e meninas expostos de forma persistente mostraram pior
rendimento no K-CPT, um exame que mede a falta de atenção, a
impulsividade e a velocidade de processamento visual. Além disso, os
meninos expostos de maneira persistente ao paracetamol apresentaram um
aumento de dois sintomas do Transtorno do Espectro Autista, se
comparados aos meninos não expostos.
"O paracetamol poderia ser prejudicial para o desenvolvimento
neurológico por várias razões. Em primeiro lugar, ele alivia a dor ao
atuar sobre os receptores de canabinóides do cérebro. Dado que estes
receptores, normalmente, ajudam a determinar como os neurônios
amadurecem e se conectam entre eles, o paracetamol poderia alterar estes
processos", detalhou Júlvez.
A explicação de por que se encontrou uma relação com um aumento de
sintomas do espectro autista só em meninos poderia ser pelo fato de "o
cérebro masculino parecer ser mais vulnerável a influências danosas
durante os primeiros períodos da vida", afirmou a principal autora do
estudo, a médica Claudia Avella-García.
Fonte: Globo.com
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