Vários integrantes da farra de Cabral em Paris foram presos
Lava Jato investiga organização criminosa chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral (Foto: Reprodução)
O
Ministério Público Federal afirmou em notaque a Operação Calicute, nova
fase da Lava Jato, foi deflagrada para "aprofundar investigações sobre
organização criminosa chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral -
dedicada à prática de atos de corrupção e lavagem de dinheiro, composta
por dirigentes de empreiteiras e políticos do alto escalão do seu
Governo do Estado do Rio de Janeiro". Segundo a Procuradoria da
República, o "esquema envolvia o pagamento de propinas para a realização
de obras públicas no Estado e posterior ocultação desses valores".
Sérgio Cabral foi preso em sua casa, no Leblon, zona sul do Rio.
Contra o ex-governador foram expedidos dois mandados de prisão: um da 7ª
Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e outro da 13ª Vara Federal
Criminal de Curitiba.
Outras sete pessoas são investigadas "por integrarem organização
criminosa destinada à prática de atos de corrupção e lavagem de dinheiro
relacionados à realização de obras de engenharia no Estado do Rio de
Janeiro", entre os quais vários integrantes da chamada "gang do lenço",
como Fernando Cavendish, dono da Delta Enegenharia, e vários secretários
e assessores de Sérgio Cabral, durante viagem oficial a Paris.
São ainda cumpridos mandados de prisão temporária de outros dois
investigados, além de mandados de condução coercitiva de Adriana
Ancelmo, mulher de Sérgio Cabral, e outras treze pessoas para serem
ouvidas na investigação. São executados 38 mandados de busca e apreensão
nos endereços de investigados. Foi determinado o sequestro e arresto de
bens do ex-governador e de outras 11 pessoas físicas e 41 pessoas
jurídicas.
O Ministério Público Federal afirma que "a partir do aprofundamento
das investigações dos casos da Lava Jato no Rio de Janeiro,
especialmente da Operação Saqueador e das colaborações de executivos das
empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, entre outras
provas colhidas, descortinou-se amplo esquema de corrupção e lavagem de
dinheiro".
"Tal esquema consubstanciava o pagamento de expressivos valores em
vantagem indevida por parte das empreiteiras ao ex-governador Sérgio
Cabral e a pessoas do seu círculo para que fossem garantidos contratos
de obras com o Governo do Estado do Rio de Janeiro", diz a nota da
Procuradoria.
As investigações apontam para a prática de corrupção na contratação
de obras conduzidas no governo de Sérgio Cabral, entre elas, a reforma
do Maracanã para receber a Copa de 2014, o denominado PAC Favelas e o
Arco Metropolitano, financiadas ou custeadas com recursos federais.
De acordo com a Procuradoria, apura-se, que, além das já mencionadas
empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia, outras empresas
consorciadas para a execução das obras também teriam efetuado pagamentos
de valores solicitados a título de propina, em patamar preliminarmente
estimado em R$ 224 milhões.
"Foi identificado que integrantes da organização criminosa de Sérgio
Cabral amealharam e lavaram fortuna imensa, inclusive mediante a
aquisição de bens de luxo, assim como a prestação de serviços de
consultoria fictícios", diz o Ministério Público Federal.
Investigações em Curitiba
"O desdobramento das investigações da Operação Lava Jato em Curitiba
revelou a ocorrência de crimes de corrupção, consistentes no pagamento
de vantagens indevidas ao então Governador do Estado do Rio de Janeiro
Sérgio Cabral, em decorrência do contrato celebrado entre a Andrade
Gutierrez e a Petrobras, relativamente às obras de terraplanagem no
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)", afirma o Ministério
Público Federal.
Segundo a Lava Jato, "foram colhidas provas que evidenciam que o
ex-governador Sérgio Cabral recebeu, entre os anos de 2007 e 2011, ao
menos R$ 2,7 milhões, da empreiteira Andrade Gutierrez, por meio de
entregas de dinheiro em espécie, realizadas por executivos da empresa
para emissários do então Governador, inclusive na sede da empreiteira em
São Paulo".
"Há evidências da prática do crime de lavagem de dinheiro oriundo dos
crimes antecedentes. A investigação apurou, por exemplo, que apenas
dois investigados, entre os anos de 2009 e 2015, efetuaram pagamentos em
espécie, de diversos produtos e serviços, em valores que se aproximam
de R$ 1 milhão", informa a Procuradoria.
O crime de lavagem prevê pena entre 3 e 10 anos de reclusão; o crime
de corrupção, entre 2 e 12 anos e o crime de integrar organização
criminosa, pena entre 3 e 8 anos.
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