Quase metade dos estudantes brasileiros (44,1%) está abaixo do
nível de aprendizagem considerado adequado em leitura, matemática e
ciências, de acordo com os resultados do Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgados hoje (6) pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Esses
estudantes obtiveram uma pontuação que os coloca abaixo do nível 2,
considerado adequado nas três áreas avaliadas pelo Pisa. Separadamente,
56,6% estão abaixo do nível 2 e apenas 0,02% está no nível 6, o máximo
da avaliação. Em leitura, 50,99% estão abaixo do nível 2 e 0,14% estão
no nível máximo; em matemática, 70,25% estão abaixo do adequado, contra
0,13% no maior nível.
Isso significa que esses
estudantes não conseguem reconhecer a ideia principal em um texto ou
relacioná-lo com conhecimentos próprios, não conseguem interpretar dados
e identificar a questão abordada em um projeto experimental simples ou
interpretar fórmulas matemáticas.
"O nível 2 é o
nível considerado mínimo para a pessoa exercer a cidadania", diz a
secretária executiva do Ministério da Educação (MEC), Maria Helena
Guimarães de Castro. "Todos os educadores insistem e nós também na
questão da equidade. Esse resultado mostra problema de desigualdade
muito grande".
O Pisa testa os conhecimentos
de matemática, leitura e ciências de estudantes de 15 anos de idade. A
avaliação é feita a cada três anos e cada aplicação é focada em uma das
áreas. Em 2015, o foco foi em ciências, que concentrou o maior número de
questões da avaliação.
No total, participaram
da edição do ano passado 540 mil estudantes que, por amostragem,
representam 29 milhões de alunos dos países participantes. O Pisa
incluiu os 35 países-membros da OCDE, além de economias parceiras, como o
Brasil. No país, participaram 23.141 estudantes de 841 escolas. A maior
parte deles (77%) estava matriculada no ensino médio, na rede estadual
(73,8%), em escolas urbanas (95,4%).
Desigualdade
Dados
apresentados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do Pisa
no Brasil, mostram que há no país grande desigualdade entre os estados
em relação aos resultados do exame.
Em
ciências, o estado que obteve a maior pontuação foi o Espírito Santo,
com 435 pontos. O estado com o pior desempenho foi Alagoas, com 360
pontos. De acordo com os critérios da organização, 30 pontos no Pisa
equivalem a um ano de estudos. Isso significa que, em média, há mais de
dois anos de diferença entre os dois estados. A média do Brasil em
ciências foi de 401 pontos.
Em leitura, cuja
média do Brasil foi de 407 pontos, e em matemática, cuja média foi 377,
15 estados ficaram abaixo da média nacional: Roraima, Mato Grosso, Rio
de Janeiro, Pará, Pernambuco, Rondônia, Amapá, Paraíba, Rio Grande do
Norte, Piauí, Sergipe, Maranhão, Tocantins, Bahia e Alagoas.
Entre
os fatores destacados pelo Inep que influenciam o baixo desempenho está
o índice de repetência que, entre outras questões, pode desestimular os
estudantes. Na avaliação, 36% dos jovens de 15 anos afirmaram ter
repetido uma série pelo menos uma vez.
O nível
socioeconômico também influencia o desempenho. Alunos com maior nível
socioeconômico tendem a tirar notas maiores. Entre os países da OCDE, a
diferença entre estudantes com maior e menor nível pode chegar a 38
pontos de proficiência. No Brasil, essa diferença chega a 27 pontos, ou o
equivalente um ano de aprendizagem.
"O Brasil
não melhorou a qualidade e nem a equidade nos últimos 13 anos,
principalmente", diz Maria Helena. "A única melhora do país foi no
fluxo. É importante registrar que 77% dos estudantes que fizeram o Pisa
estão no ensino médio", acrescenta.
Agência Brasil
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