No áudio, os presos dizem que a "guerra não acabou". Sejus afirma que os presídios do Ceará "estão tranquilos"
Na tarde de
ontem, patrulhas do Comando Tático Motorizado (Cotam) e do Grupo de Apoio
Penitenciário (Gape), estiveram no Complexo Penitenciário Itaitinga II
O clima nos
presídios cearenses era de aparente tranquilidade até o fim da noite de ontem
depois das rebeliões durante o fim de semana nos sistemas penitenciários do Rio
Grande do Norte e do Paraná, que resultaram em, pelo menos, 28 mortes. Ontem,
um áudio atribuído à 'sintonia' (liderança) da facção criminosa Primeiro Comando
da Capital (PCC), no Ceará, comemorando a chacina em Natal, circulou nas redes
sociais e deixou as autoridades cearenses de prontidão. Policiais do Comando
Tático Motorizado (Cotam) e agentes do Grupo de Apoio Penitenciário (Gape)
estiveram no Complexo Penitenciário de Itaitinga II, mas nenhum tumulto foi
registrado.
O presidente
do Conselho Penitenciário do Ceará, advogado Cláudio Justa, disse que "o
Sistema (Penitenciário) está instável, mas é uma instabilidade
controlada". A realocação de detentos nas unidades do Ceará, separando-os
por facções, segundo ele, evitou um confronto e mortes, mas "não há
garantias de que não vá estourar. Podem ocorrer mortes aqui como ocorreram no
Rio Grande do Norte. Todos os estados devem ficar em alerta".
A
transferência de presos nas unidades cearenses foi realizada um dia depois do
massacre em Manaus, que culminou com 56 presos do PCC mortos por membros da
facção rival Família do Norte (FDN). Uma semana depois, em Roraima, o PCC matou
integrantes do Comando Vermelho (CV) e da FDN. No sábado, a organização
criminosa paulista matou 27 integrantes do CV, FDN e Sindicato do RN, no Rio
Grande do Norte.
Organizado
Sobre o
áudio, Cláudio Justa disse existir uma "alta a probabilidade" de a
gravação ter sido feita na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) II,
em Itaitinga. "O PCC é extremamente organizado e o corpo gerencial da
facção usa esse tipo de mecanismo para comunicação entre seus integrantes. Tudo
indica que seja verdadeiro", afirmou o advogado Cláudio Justa.
Uma fonte
ligada ao Sistema Penitenciário cearense, que preferiu não se identificar,
confirmou que o áudio havia sido gravado na CPPL III e distribuído via
WhatsApp. Já a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) afirmou que "não
há confirmação de o áudio ser de unidade do Sistema Penitenciário
cearense". A Pasta disse ainda que o dia de ontem foi de tranquilidade nas
unidades e as visitas transcorreram dentro da normalidade.
Na gravação,
também conhecida entre os detentos como 'salve', dois presos que se identificam
como 'Irmão Trovão' e 'Irmão Cigano' comemoram as mortes ocorridas na
Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Região Metropolitana de Natal e deixam
claro que "a guerra (nos presídios e nas ruas) não acabou". No início
da gravação, outro interlocutor diz que estão falando "diretamente da CPPL
III, QG (Quartel General) do 15 (PCC)" e vão "dar um grito de guerra
em vitória aos nossos irmãos do Rio Grande do Norte.
A palavra
passa a 'Irmão Trovão'. Ele, inicialmente, se refere às mortes no Rio Grande do
Norte e depois afirma que "nesse estado (Ceará) ainda temos como dar a
volta por cima com inteligência e sabedoria e disciplina". A tática,
segundo Trovão', é "batizar (fazer novos membros) em sigilo nas outras cadeias
desse estado do Ceará".
O 'sintonia'
do PCC diz que é necessário "ter cautela nas ruas". "Vamos
vigiar os nossos bairros. O que nós perdeu, garanto a vocês que nós vamo
recuperar, dia e noite nós vamos lutar (sic)". Em seguida, 'Irmão Trovão'
faz uma oração e pergunta se alguém mais quer falar.
É a vez de
'Irmão Cigano'. Ele reforça a importância da vitória em Alcaçuz e faz ameaças.
"Não pense nossos inimigos que estaremos de brincadeira. Quem tocar em um
PCC, será morto. Se tocar em nossas famílias, receberão a resposta à altura,
porque unidos!? Venceremos, respondem os outros presos. A gravação acaba aos
gritos de "1533!? PCC", em alusão ao 'P', que é a décima quinta letra
do alfabeto e 'C' a terceira.
Assassinados
26 detentos
foram executados na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte.
Membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) seriam os autores.
Fonte: Diário do Nordeste
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