Registros da doença misteriosa sobem para 5 e CE apura causas

Infectologia acredita que a causa está relacionada à ingestão de peixe com toxina que causa a rabidomiólise
 Image-0-Artigo-2191755-1 A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, por meio de nota, também orienta os profissionais sobre a importância da notificação e coleta de amostras para o tratamento dos casos da enfermidade ( FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES )
Sobe para cinco o número de casos de "mialgia aguda a esclarecer", conhecida popularmente como doença da urina preta, no Ceará. Em nota técnica divulgada na noite de quinta-feira (19), a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) informa que três notificações são de residentes de Fortaleza, um de Salvador e outro de São Paulo, no período de 5 a 19 de janeiro. Na nota anterior, datada do dia 12 de janeiro, eram três notificações.

A Pasta não comenta as hipóteses de causas e transmissibilidade porque ainda não existe uma prova científica sobre a enfermidade. No entanto, o infectologista e médico do Hospital São José, Anastácio Queiroz, acredita que a causa está relacionada à ingestão de peixe com toxina que causa a rabidomiólise, que é a quebra rápida de músculo esquelético devido à lesão no tecido muscular.

O médico explica ainda que não existe nenhum consenso em relação à espécie de peixes que possam estar causando o problema, tendo sido apontados tanto os de água doce como salgada. Outra característica é que a toxina é resistente ao calor, resistindo ao cozimento.

"É provável que tenhamos mais casos, mas com sintomas mais leves. As pessoas podem nem ter procurado uma unidade de saúde. Realmente, só quem teve um quadro mais grave, com dores musculares muito fortes e a urina mais escura é que pode ter procurado o médico", aposta o infectologista.

Bahia
A outra hipótese levantada, sobretudo por pesquisadores baianos, é a de uma infecção por vírus Enterovírus ou Parechovírus. No entanto, o cearense contesta porque os casos investigados não apresentaram sintomas clássicos.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, os acometidos com a "doença misteriosa" relataram dores musculares intensas de início súbito, acometendo principalmente a região cervical, membros inferiores e superiores, mudança na tonalidade da urina (variando entre vermelho escuro e castanho), elevações significativas nas dosagens da cretinofosfoquinase (CPK) e os níveis hepáticos (TGO e TGP). Não houve relato de febre, cefaleia, artralgia ou exantema.

Segundo o médico Anastácio Queiroz, a indicação é de tratamento com muita hidratação para que evite um dano severo aos rins. O médico ainda alerta para evitar o uso de anti-inflamatório em casos suspeitos, que também têm uma ação de sobrecarga renal. "A preocupação é justamente com complicações dos rins, que possam causar insuficiência renal", justifica o infectologista, que aponta essas complicações como motivo de agravamento que possa levar ao óbito.

Pacientes
A Secretaria da Saúde do Ceará estadual aponta que três pacientes são do sexo feminino e os outros dois do sexo masculino. O médico acrescenta que quatro tinham relação familiar. Um continua internado porque está em uma situação mais grave que os demais atendidos.

A Sesa, por meio de nota, também orienta os profissionais de saúde sobre a importância da notificação e coleta de amostras para o tratamento dos casos da enfermidade.

Já Anastácio Queiroz reforça que o fato de, tanto os profissionais da saúde quanto população estarem em alerta, é um fator positivo. "Poderia passar despercebido, mas os sintomas são claros. E as pessoas estão sabendo dessa doença", aposta.

As secretarias de Saúde do Estado e a Pasta de Fortaleza estão monitorando a ocorrência e investigando todos os casos com objetivo de esclarecer a causa desses sintomas, considerando o cenário epidemiológico e a similaridade com os casos notificados na Bahia.

A "mialgia aguda a esclarecer" não é doença de notificação compulsória, mas pode se tratar de um evento de saúde pública inusitado. Por isso, a Sesa está exigindo que seja notificado e monitorado para identificação do agente causador da doença. "As pessoas que apresentaram urina escura também tiveram dores musculares intensas e de início súbito nos membros inferiores e superiores, como também na região cervical, principalmente", informava a nota.

Bahia apura 52 casos suspeitos da enfermidade
A maior parte dos casos suspeitos da doença foi registrada em Salvador (52), mas houve manifestações de sintomas também nas cidades de Vera Cruz (1) e Lauro de Freitas (1), próximas à capital baiana. A Secretaria de Saúde da Bahia está monitorando e analisando os casos suspeitos - entre os 44 já investigados, 43 (97%) apresentaram dores musculares intensas de início súbito; 21 (47%) urina escura; 19 (43%) dor ao leve toque no corpo; e 16 (36%) dores nas articulações e sudorese.

A Pasta trabalha com quatro hipóteses para a contaminação: origem bacteriana, viral, por metais pesados ou toxina. O pesquisador Gúbio Soares, do Laboratório de Virologia da Universidade Federal da Bahia, afirmou que as análises que vêm sendo feitas desde dezembro têm indicado como causa os vírus dos gêneros Enterovírus ou Parechovírus. A manifestação dos sintomas se assemelha a pequenos surtos ocorridos no exterior, como no Japão, entre 2008 e 2014, na França, entre 2008 e 2010, e na Dinamarca, em 2014.

Fonte: Diário do Nordeste
Por Karine Zaranza - Repórter
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