As lentes da repórter fotográfica Camila de Almeida registraram o impacto da falta de chuva na paisagem do açude do Sertão Central

Em janeiro de 2016, as lentes da repórter fotográfica de O POVO Camila
de Almeida flagravam o "tchau" do seu Zé do Leite na travessia do Cedro,
no Sertão Central do Estado. Estava em uma canoa em que carregava não
só o leite que venderia em Quixadá, como também a bicicleta que usava
para continuar o trajeto já em terra firme.
Um
ano depois, com o açude com apenas 0,2% de sua capacidade, a canoa não é
mais necessária. É na bicicleta mesmo que atualmente Zé do Leite
atravessa os mais de 400 metros do coroamento do açude, como voltou a
registar Camila de Almeida, nesse domingo, 23. Não é o único, e o
outrora mar já conta até com uma estrada improvisada. O percurso, no
entanto, é maior que o feito a remadas, pois o açude secou, mas continua
úmido em seu centro, propicioando atolamentos. Portanto, é preciso
contornar essa faixa. Ainda é necessário driblar as rochas que a seca
fez aparecer, durante a descida aos 20 metros de profundidade do Cedro.
O
que não é suficiente para abatê-lo. "Ando mais, mas chego", contou à
Camila de Almeida. A tranquilidade é típica de quem não o vê pela
primeira vez o açude nesse estado — já havia visto na infância e em
meados de 2000. E sabe que a partir de agora a tendência é o açude
voltar a encher. "Pior que tá não fica", brinca. A Fundação Cearense de
Metereologia e Recurso Hídricos (Funceme) o dá razão. Após
cinco anos de seca, o Ceará tem 40% de chances de apresentar chuvas
dentro da média histórica da quadra chuvosa neste ano — e 30% de ser
acima da média.
Enquanto a chuva não vem,
os moradores da região se viram com a água salgada dos lençóis freáticos
alcançados por cacimbas e poços. Para os pescadores e para a canoa de
Zé do Leite, a espera.
Redação O POVO Online
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