Carcinicultores
apostam na colaboração de profissionais estrangeiros para superar os desafios
Segundo a
Associação Cearense de Criadores de Camarão, atualmente, o quilo do camarão
médio está sendo vendido por um preço de R$ 30 ( Fotos: Ari Versani )
Em queda
desde meados de 2016 por conta da doença conhecida como mancha branca, a
produção normal de camarão em cativeiro no Ceará deverá ser retomada a partir
de agosto deste ano, fazendo o preço do crustáceo chegar mais em conta ao
consumidor final. Isso porque, desde o início de fevereiro, os grandes
produtores do Estado passaram a investir no melhoramento genético do animal em
seus laboratórios, resultando em uma pós-larva mais resistente ao vírus que
causa a doença da mancha branca.
O trabalho
está sendo feito por profissionais estrangeiros, que vieram de países como
Austrália, Equador e Nicarágua e foram contratados, exclusivamente, para
resolver o problema. "Nossa expectativa é que, daqui a cinco meses, a
produção comece a se estabilizar no Ceará, com viveiros mais resistentes à
macha branca", afirma o presidente da Associação Cearense de Criadores de
Camarão (ACCC), Cristiano Maia.
De acordo
com ele, maior produtor de camarão do Brasil, todos os empresários cearenses do
setor de carcinicultura que dispõem de laboratório pós-larva de camarão
contrataram profissionais estrangeiros para implantar a técnica.
"Atualmente,
o quilo do camarão médio está sendo vendido por um preço de R$ 30, mas acredito
que, daqui para o fim de 2017 ou início do próximo ano, baixe para R$ 22, uma
redução de quase 27%", observa Cristiano Maia, informando que, no ápice da
crise nos viveiros, o valor médio do quilo atingiu R$ 35. "Aprendemos a
conviver com a doença", acrescenta.
Hoje, o
Estado conta com 700 fazendas de criação do crustáceo. Antes de o vírus atingir
os viveiros, o preço do quilo do camarão médio custava em torno de R$ 15
Em seu
laboratório da Potiporã Aquacultura, situada na cidade de São José dos Touros,
no Rio Grande do Norte, Maia conta com 12 especialistas do Equador e da
Nicarágua. Ele também é proprietário da Aquisa Aquicultura Samaria, localizada
no município cearense de Paraipaba, mas a empresa não conta com laboratório.
Impacto
Com a
infestação da mancha branca, a queda na produção de camarão no Ceará chegou a
70%, de acordo com Maia.
Atualmente,
o Estado conta com, aproximadamente, 700 fazendas de criação do crustáceo.
Valor
Antes do
vírus atingir os viveiros, o preço do quilo do camarão médio custava em torno
de R$ 15, um aumento superior a 100% em relação ao valor atual.
Por conta da
escassez do produto, os preços do camarão em restaurantes cearenses que têm o
crustáceo como carro-chefe também saltou consideravelmente. Hoje, em razão da
menor demanda pelo prato, alguns estabelecimentos conseguem reduzir um pouco os
valores para não perder clientes.
Líder
nacional
O Ceará é um
dos maiores produtores de camarão do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de
Criadores de Camarão, o Estado produziu 76 mil toneladas do crustáceo em 2015,
representando 65,7% da produção nacional. Do meio do ano até o fim de 2016,
devido à macha branca, cerca de 30 mil toneladas de camarão foram perdidas no
Ceará, o equivalente a 60% da produção do período.
Efeitos da
mancha branca
A mancha
branca é causada por um vírus que se manifesta na fase inicial de
desenvolvimento do camarão, calcificando e mudando a cor do crustáceo. Ele
morre e contamina os outros, por isso, produções inteiras são perdidas antes de
chegar ao consumidor. A doença foi detectada pela primeira vez na Ásia, em
1993. Dois anos depois, já atingia os Estados Unidos e logo chegou à América do
Sul. No Brasil, além do Ceará, a mancha branca foi encontrada também em
criações em Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe,
Paraíba e Piauí. Os principais sintomas da mancha branca são: redução no
consumo alimentar do camarão; natação lenta; mudança na coloração (de rosa a
pardo-avermelhada); e carapaça mole e com calcificações. O vírus não oferece
perigo ao homem.
Fonte: Diário do Nordeste.
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