Odebrecht revela que tucano pediu R$15 milhões para a campanha
Além dessa quantia, o empreiteiro disse que se Aécio sempre pediu dinheiro para campanhas Foto: André Lucas Almeida/ Estadão
Em
seu depoimento de quatro horas ao Tribunal Superior Eleitoral nesta
quarta-feira, 1, o delator e ex-presidente da Odebrecht Marcelo
Odebrecht relatou que o presidente nacional do PSDB, senador Aécio
Neves, teria lhe pedido R$ 15 milhões no final do primeiro turno da
campanha eleitoral de 2014. O delator depôs na Ação de Investigação
Judicial Eleitoral aberta a pedido do PSDB contra a chapa Dilma/Temer.
Ele disse que, inicialmente, negou o pedido do tucano afirmando que o
valor era muito alto, mas que o senador teria sugerido como
‘alternativa’ que os pagamentos fossem feitos aos seus aliados
políticos.
Após ser preso na Lava Jato, contudo, Odebrecht disse ter sido
informado que o aporte financeiro acabou não se concretizando. Ainda
assim, segundo ele, teria ficado definido no encontro com Aécio que o
repasse seria discutido entre Sérgio Neves, que era superintendente da
empresa em Minas, e o empresário Oswaldo Borges da Costa, apontado como
tesoureiro informal do tucano.
Em seu relato, Odebrecht disse que só se recorda de doações oficiais para o tucano.
O valor coincide com a planilha e a troca de mensagens de Odebrecht
apreendidos pela Lava Jato e que Mostram o repasse de R4 15 milhões do
departamento de propina da empreiteira ao apelido ‘mineirinho’ que,
segundo o delator Claudio Melo Filho, era uma referência a Aécio.
Odebrecht respondeu sobre o tucano quando questionado pela defesa da
presidente cassada – de acordo com os advogados, questionar doações para
o PSDB fazia parte da estratégia de Dilma. À Justiça Eleitoral, a
campanha do senador mineiro registra doações que somam R$ 3,9 milhões da
Construtora Odebrecht e R$ 3,9 milhões da Braskem, petroquímica do
grupo empresarial. Ao todo, o PSDB recebeu R$ 15 milhões da Odebrecht em
doações eleitorais em 2014.
O delator, contudo, não aprofundou mais sobre o assunto, pois o juiz
auxiliar que estava conduzindo a audiência pediu a Marcelo que se
limitasse ao objeto da Ação Judicial Eleitoral – repasses para a chapa
Dilma-Temer, que venceu as eleições de 2014.
Além destes R$ 15 milhões, o empreiteiro contou que se encontrou
várias vezes com o tucano, e que Aécio sempre pediu dinheiro para
campanhas. Em relação aos repasses para a campanha tucana em 2014, o
delator disse que se lembrava mais especificamente de três ocasiões –
uma doação para o PSDB na época da pré-campanha, uma de cerca de R$ 5
milhões durante a campanha, e o pedido no final do primeiro turno de R$
15 milhões.
Na versão do empreiteiro, o contato da Odebrecht com Aécio para
tratar da campanha era mais difuso do que com Dilma e feito com a base
das empresas do grupo em Minas, Estado do senador.
‘Mineirinho’. No pedido de busca e apreensão da Polícia Federal na
26.ª fase da operação, a Xepa, “Mineirinho” é apontado como destinatário
de R$ 15 milhões entre 7 de outubro e 23 de dezembro de 2014. As
supostas entregas foram registradas nas planilhas da secretária Maria
Lúcia Tavares, do Setor de Operações Estruturadas – conhecido como o
“departamento de propina” da Odebrecht.
A quantia foi solicitada em 30 de setembro de 2014, na véspera do
primeiro turno, por Sérgio Neves, a Maria Lúcia, que fez delação e
admitiu operar a “contabilidade paralela” da empresa a mando de seus
superiores. O pedido foi intermediado por Fernando Migliaccio,
ex-executivo da empreiteira que fazia o contato com Maria Lúcia e que
foi preso na Suíça.
Procurada nesta quinta-feira, 2, a assessoria de imprensa do tucano
ainda não emitiu uma nota oficial sobre o caso. O espaço está aberto
para manifestação.
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