O que define uma mulher? Jeito doce, meigo e maternal? Força, garra e
altivez? Raça feminista, doçura submissa, Amélia angelical? O que
define uma mulher? “Ela é uma substância tal, que, por mais que a
estudemos, sempre encontraremos nela alguma coisa totalmente nova”,
arriscou Tolstói. Talvez sim, mas apenas talvez.
Ser mulher é viver se reinventando, a despir e vestir de novo a
própria alma com louvor. É, em meio a tantas iguais, perceber-se
inexplicavelmente única, simples e complexa. Completa ausência de nexo,
num sexo que, enfim, nada mais é do que a eterna busca pela compreensão
de si. E não somos todos assim?
Ser mulher é ouvir com abraço, sorrir com olhos, chorar com espírito e sonhar com ação. É franzir o cenho pra enxergar o que o outro tem de melhor, e a ele estender a mão (ainda que nem sempre a mereça). É ser inacreditavelmente leve, mas carregar um piano de culpa nas costas, movendo montanhas para tornar mais fácil o fardo do irmão.
Ser mulher é ter cólica, angústia e intuição. É olhar para a outra e
compreender sua dor, valorizando a beleza crua que só no
compartilhamento se descobre singular. É ter guarda-roupas cheio e não
ter roupa, é cuidar de si, do velho e do novo, é parir gente, ideia e
solução. Ou não.
Não há dia pra se celebrar a existência delas. Exaltá-las é comemorar
a vida, lembrar que nelas a vida fere mais fundo e mais fecundo. “E o
sexo está nelas, e o mundo está nelas, e a loucura reside neste mundo”
(Vinicius de Moraes).
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