Valor do caixa 2 na campanha presidencial surpreendeu Gilmar
Ministro
afirma não ser necessário conteúdo de delações para saber que há uma
relação promíscua entre poder público e setor privado (Foto: AE)
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou nesta
segunda-feira, 6, que todo o TSE ficou surpreso com o volume de caixa 2
na última campanha eleitoral à Presidência, mesmo diante do alto
montante gasto oficialmente, tanto pela chapa da candidata Dilma
Rousseff, quanto pela do candidato de oposição, Aécio Neves. “Agora,
estamos vendo o significativo percentual que foi doado por caixa 2, de
maneira informal”, disse.
Ao ser questionado sobre conteúdo dos depoimentos de ex-executivos da
Odebrecht à Corte Eleitoral, no processo que julga a chapa vencedora
das últimas eleições presidenciais, composta por Dilma Rousseff e Michel
Temer, Mendes declarou que o País vive um 'descalabro'. "Acho que nós
vivemos, isso não precisa das delações, nas últimas décadas, um quadro
de descalabro tão grande que é difícil classificar essa apropriação do
público pelo privado, essa relação anárquica e promíscua", afirmou
Gilmar.
O relator do julgamento na corte eleitoral, Herman Benjamin, também
ficou impressionado com o grau de acesso e de domínio que o empresário
Marcelo Odebrecht contou ter ao topo da cadeia de poder, sugerindo a
impressão de apropriação do poder público pelo poder privado.
Comentando a declaração de Marcelo, que afirmou ter sido "bobo da
corte" dos governos petistas, Gilmar disse que "realmente os eleitores
têm sido feito de bobos nesse contexto todo".
Financiamento de campanha
Para as eleições presidenciais de 2018, o presidente do TSE defendeu
que o Congresso Nacional consiga elaborar uma estrutura para regular o
tema, que precisa entrar na agenda de votações até setembro. “Estamos
num vazio. Corremos o risco de termos um quadro, talvez, de anomia
[ausência de regras e normas], de falta de controle”, disse.
Gilmar Mendes chegou até a sugerir o “crowdfunding” (financiamento
coletivo ou “vaquinha virtual”) como um modelo alternativo de
financiamento de campanha eleitoral às normas atuais que impedem doação
de empresas a partidos e candidatos.
"Temos que encontrar um outro meio de financiamento que não esse
(atual), alguma coisa tem que ser feita, ou crowdfunding ou alguma coisa
que se regularize em torno desse tema", afirmou Gilmar.
O ministro defendeu também que o fim das coligações seja encaminhado e
passe a valer já nas eleições de 2018, considerando que a emenda
constitucional sobre o tema foi aprovada no Senado e precisa passar pela
Câmara. Para ele, a mudança já um "grande ganho".
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