Líder do PMDB no Senado critica reforma da Previdência, a terceirização ampla e a política econômica e diz que a ‘insatisfação da bancada é generalizada’
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (Evaristo Sá/AFP)
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a criticar a falta de diálogo do governo com a bancada do partido e disse ter conversado na quarta-feira com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco(Secretaria-Geral) para tratar da “necessidade de desenhar o papel do PMDB no governo Michel Temer“.
“Eu não quero participar do governo, não quero indicar ninguém no governo e hoje, como líder da bancada, diante dessa insatisfação que é generalizada, mais do que nunca”, declarou.
Em mais um confronto direto com o Palácio do Planalto nos últimos dias, Renan disse que quer que a bancada “seja chamada, faça inserção no governo e discuta as reformas” e lembrou que o PMDB representa 30% dos parlamentares da Casa e são cruciais para a aprovação das propostas de Temer. “O que a bancada quer, e isso é insubstituível, é participar da formulação de políticas públicas e fundamentalmente calibrar o tamanho das reformas que são mandadas para o Congresso.”
Ele disse ainda que a bancada gostaria de dialogar com o governo antes de as reformas serem encaminhadas para o Congresso, “mas isso não foi possível”. Renan avalia que a proposta de reforma da Previdência “é exagerada” e não tem condições de ser aprovada pelos parlamentares. “Essa reforma trata desiguais de forma igual. Não se faz reforma para resolver problema fiscal do Brasil, e sim para resolver problema atuarial da Previdência”, criticou.
Terceirização
Além de criticar a reforma da Previdência, Renan afirmou ainda que está trabalhando para que a proposta da Câmara que regulamenta a terceirização de maneira “ampla, geral e irrestrita seja alterada”. “Que se regularize os terceirizados existentes e depois que se coloque um limite para que essa terceirização não seja geral”, defendeu.
Para ele, o Brasil enfrentará o agravamento da crise econômica nos próximos meses. “A terceirização vai causar um impacto muito grande na economia brasileira do ponto de vista do desemprego, da precarização, da rotatividade, de mais acidente, de menos arrecadação e consequentemente de mais imposto, que foi o que nós vimos ontem”, comentou, em referência ao anúncio do governo de corte de R$ 42,1 bilhões nas despesas federais para conseguir cumprir a meta fiscal deste ano.
No início da noite, Renan voltou à carga contra o governo, desta vez no Twitter, de novo centrado na política econômica. “Corte de investimentos públicos, reoneração da folha, aumento de impostos, terceirização geral… Tudo isso junto só vai drenar as energias de uma economia que não consegue se levantar. O governo precisa conversar antes”, disse.
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