Aécio tenta manter seu grupo unido em Minas Gerais para ter apoio dentro do PSDB
SÃO PAULO. Fechado em sua casa no Lago Sul, em Brasília, desde o dia 17 de maio, quando foi divulgado conteúdo do áudio que registrou o pedido de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista sob o argumento de que precisava custear sua defesa na operação Lava Jato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem dito que sua situação é “kafkiana”.
Segundo aliados, o tucano avalia que, em condições normais, o pedido de prisão do procurador geral da República, Rodrigo Janot, previsto para ser analisado na próxima terça pelo Supremo Tribunal Federal, seria rejeitado. Porém, agora, ele crê que tudo pode acontecer. Esse temor se cristalizou quando a Primeira Turma do STF manteve a prisão de sua irmã, Andrea Neves.
Ainda conforme aliados, ao saber da decisão, Aécio se desesperou. O tucano não consegue conter o choro quando fala sobre ela. “Ele está profundamente indignado”, disse José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela.
Apesar de recluso, Aécio tem se articulado para impedir sua cassação no Senado, evitar a implosão de sua base em Minas e reforçar sua defesa pública. Ele foi um dos responsáveis pelo movimento que manteve o PSDB na base de Michel Temer.
Aécio quer impedir a debandada de quadros do PSDB. O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) e o deputado federal Marcos Pestana (PSDB-MG) assumiram a linha de frente do grupo que, por mais de dez anos, foi majoritário na política mineira. O plano para 2018 é apoiar o ex-presidente da Assembleia Dinis Pinheiro (PP) para o governo.
O senador afastado ainda tem mantido conversas com caciques tucanos. Seus interlocutores mais frequentes são os ministros Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades) e o senador Tasso Jereissati. Aliados revelaram também que Aécio tenta demonstrar que não está politicamente isolado mas toma cuidados para evitar que seus movimentos sejam considerados obstrução de Justiça. Como teme estar grampeado, as conversas delicadas, sobretudo com o PMDB, são feitas pessoalmente ou por meio de interlocutores.
Pessoas próximas ao senador consideraram um erro a postagem nas redes sociais de foto que mostrava uma reunião em sua casa com tucanos. A imagem está sendo usada pela Procuradoria Geral da República para embasar o pedido de prisão contra o tucano.
Em âmbito familiar, ele se esforça para manter um clima de normalidade. Na semana passada, sua sogra organizou um almoço para celebrar o aniversário dos filhos gêmeos. Depois dos parabéns, o senador se retirou para uma reunião com deputados mineiros.
Mudança. Antes da divulgação da gravação, Aécio Neves pretendia disputar o Senado novamente. Agora, se não perder os direitos políticos e não for preso, tentará a Câmara dos Deputados.
Juventude tucana. A Juventude do PSDB se posicionou nesse sábado (17) a favor das “diretas já”, durante o 55º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Belo Horizonte. “Tomamos essa posição primeiro porque há um apelo da população, e segundo porque em um momento de crise política como esse, apenas um novo grupo com legitimidade de votos vai conseguir corrigir o país e ter maioria no parlamento, para recuperar a economia”, disse o presidente da Juventude, Henrique Vale.
Ministro nega solicitações da defesa
BRASÍLIA. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu, nesse sábado (17), recurso da defesa do senador afastado Aécio Neves, que solicitou mais dez dias para se defender do pedido de prisão apresentado pela Procuradoria Geral da República, alegando “fato novo”. O fato, no caso, seria a postagem de Aécio em rede social ao lado de caciques tucanos, anexada ao processo. Para Rodrigo Janot é prova que Aécio continua exercendo atividades políticas.
O ministro ainda negou que o pedido de prisão de Aécio seja apreciada pelos 11 ministros do plenário da Corte e não pela Primeira Turma, na próxima terça-feira. A Primeira Turma negou o pedido de liberdade de Andrea Neves, irmã do senador, presa desde 18 de maio.
0 comentários:
Postar um comentário