Arte transforma vida de artesã com deficiência física no Cariri

Dona Rosinha vende peças de artesanato na Expocrato desde a primeira edição, e foi com esse trabalho que ela encontrou sustento e uma forma de ajudar a comunidade

Por G1 CE
Dona Rosinha e as irmãs, Ceilda e Cinete, mostrando rede artesanal produzida por elas. (Foto: Dona Rosinha/ Arquivo Pessoal)

Foi por meio da arte que Maria Miguel de Oliveira, a dona Rosinha, descobriu que a vida é possível. Deficiente física, com estatura de um metro e 58 anos, começou a produzir os próprios vestidos e as primeiras peças para vender ainda aos nove anos. De lá para cá, confecciona peças artesanais de crochê e foi com esse trabalho que se tornou referência na comunidade rural Sítio do Mocotó, em Várzea Alegre, e teve o nome reconhecido internacionalmente.

A artesã é uma das comerciantes a participar da Exposição Agropecuária do Crato (Expocrato), que teve início no último domingo (9). Dona Rosinha e mais cinco mulheres, entre elas as duas irmãs, todas integrantes da Associação Comunitária do Sítio Mocotó - fundada em 1989, produziram cerca de 300 peças, entre redes, tapetes e jogo americano, para expor na feira.
Tapete produzido por dona Rosinha, artesã deficiente física que expõe os trabalhos na Expocrato (Foto: Dona Rosinha/ Arquivo Pessoal)

O trabalho com artesanato deu sustento a várias gerações de dona Rosinha, desde a sua bisavó, ela conta. A arte também foi responsável por modificar a vida da comunidade do Mocotó, a 12 km de Várzea Alegre, município do Cariri cearense. “Minha vontade era erradicar o analfabetismo e a mortalidade infantil da comunidade através do trabalho, porque se fosse criado um projeto, a gente ia poder ensinar os outros”.

O apreço pelo bem coletivo é herança do pai, de quem guardou o maior exemplo de vida, após perder a mãe ainda criança. Muito antes de questões como acessibilidade para pessoas com necessidades especiais serem discutidas socialmente, ele transformou a casa simples da família em um lar adaptado para as duas filhas deficientes físicas.

Em 2005, a artesã ganhou primeiro lugar do Ceará no Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora, terceiro lugar a nível nacional e quinto a nível mundial. A premiação levou dona Rosinha a fazer a primeira viagem para fora do país, indo para o México. Oito anos depois, o destino foi Nova York.

Com as experiências, a artesã diz que pode constatar a evolução da qualidade de vida na comunidade rural do Mocotó, que ela ajudou a melhorar. “Vi que as artesãs brasileiras, mesmo nas comunidades simples, tem mais formação do que as mulheres rurais de outros países”.

Segundo dona Rosinha, o analfabetismo foi erradicado na comunidade e com o trabalho artesão muitas das cerca de 300 pessoas da região conseguiram adquirir casas e veículos próprios e enviar os filhos para universidades. “Penso que um dia quando Deus me levar não vou de mãos abanando. Não me sinto inútil, mesmo com tamanho de um metro Deus me deu a graça de ser útil e mostrar que a gente pode fazer alguma coisa pelo outro. Ninguém é tão pobre que não possa oferecer algo ao outro ou tão rico que não possa receber”.

Atualmente, dona Rosinha vive com as irmãs e se dedica o ano inteiro a produzir as peças que vão ser vendidas na Expocrato. O próximo sonho dela é conseguir escrever a própria biografia e documentar mais uma história de mulheres que superam a vida com o próprio suor: "tenho muita coisa a oferecer ao mundo".
Associação Comunitária de artesãs do Sítio Mocotó (Foto: Dona Rosinha/ Arquivo Pessoal)

Tapete de crochê produzido por dona Rosinha, artesã da Expocrato (Foto: Dona Rosinha/ Arquivo Pessoal)
Dona Rosinha produzindo peças artesanais para a Expocrato (Foto: Dona Rosinha/ Arquivo Pessoal)
Artesã, dona Rosinha teve o trabalho reconhecido internacionalmente (Foto: Dona Rosinha/ Arquivo Pessoal)
Compartilhe no Google Plus

Sobre jaguarverdade

Sou Casado, pai de 3 filhos, apaixonado pela minha família e pela minha querida cidade Jaguaruana... Jaguaruana Verdade, Porque Mentira tem Pernas Curtas!

0 comentários:

Postar um comentário