Todos nós temos uma autoimagem, um retrato mental de como nos apresentamos diante das pessoas. Podemos até não estar muito satisfeitos com ela, mas é a referência com a qual estamos acostumados. É por isso que, ao enfrentar um tratamento contra o câncer, o emocional sofre um baque. O importante é saber que não estamos sozinhos, porque muita gente atravessa o mesmo turbilhão de sentimentos. Perda de cabelo, alterações no peso e na pele, cicatrizes e infertilidade vêm acompanhadas de raiva e dor. O impacto nas relações familiares e afetivas pode ser devastador se você não se cercar de uma rede de proteção. Pais e avós, por exemplo, se preocupam em como sua aparência afetará filhos e netos, temendo que eles se afastem. O NIH (Instituto Nacional do Câncer nos EUA) ensina como conviver com a nova situação:
1) 1) Viva o luto das suas perdas: é perfeitamente normal que você se sinta triste, zangado e frustrado e tem todo o direito de lamentar.
2) 2) Tente se concentrar em como lidar com a doença também o (a) tornou mais forte.
3) 3) Se sua pele modificou-se por causa da radioterapia, procure ajuda médica para ver o que pode ser feito. Não descuide da aparência: alguns detalhes, como um novo corte de cabelo, podem lhe trazer ânimo. Se estiver usando uma peruca, lembre-se que um cabeleireiro sempre pode deixá-la com melhor caimento.
4) 4) Mulheres que fizeram mastectomia têm o direito de reconstruir a mama garantido por lei. Se preferir uma prótese mamária externa (depois de todo o desgaste físico e emocional, há quem prefira esta opção), há sutiãs especiais, assim como biquínis e maiôs.
O processo pode ser lento e dolorido, mas siga em frente e mantenha amigos e parentes em volta. Atualmente, os médicos recomendam que o paciente faça exercício: além de ajudar a recuperar a autoestima, reduz o estresse e ajuda a relaxar. No que diz respeito ao sexo, também há mudanças de curta e de longa duração, por conta de drogas, cirurgias, quimioterapia e radioterapia. No entanto, ansiedade e depressão acabam desempenhando um papel determinante para se retomar a rotina. Uma das maiores preocupações é não conseguir mais fazer sexo como antes. Entre as mulheres, a maior queixa é ressecamento, dor na penetração, falta de sensibilidade na região genital. No entanto, o arsenal de que a medicina dispõe atualmente para corrigir esses problemas poderá surpreender você.
Indispensável é compartilhar com seu parceiro (a) como está se sentindo, e isso vale mesmo quando o casal está junto há muito tempo. Avise se só quiser carinho, mas lembre-se que você pode querer fazer sexo e ele/ela talvez esteja com medo de machucá-lo (a). A intimidade não é apenas física, envolve sentimentos, portanto vá por etapas:
1) 1) Renove a conexão entre vocês. "Proteja" o tempo que passam juntos, desligando celulares e TV. Arranje alguém para cuidar das crianças durante algumas horas.
2) 2) Não tente imediatamente o contato físico. Vocês podem ficar juntos apenas para caminhar ou ouvir música.
3) 3) Procurem novos toques porque o tratamento muda o corpo. Áreas que eram sensíveis e prazerosas podem ter deixado de sê-lo. Por que não brincar de redescobrir o que dá prazer ao outro?
Quem está só pode achar ainda mais difícil essa retomada, mas o primeiro passo é aceitar as mudanças. Depois, saia de casa e abrace atividades que lhe deem prazer. Converse com os amigos, entre em fóruns de discussão com outros sobreviventes da doença. O medo de rejeição é grande, mas se isso ocorrer, lembre-se que acontece todos os dias com as pessoas, mesmo com as que não tiveram câncer. Não deixe que ele seja uma desculpa para se trancar em casa e deixar a vida lá fora.
Crédito da foto: jennifrog [CC BY 2.0 (http://creativecommons.org/licenses/by/2.0)
Por Mariza Tavares
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