Vinte dias,
esse é o período em que não chove em Jaguaruana. Durante o Mês de Março pouco
mais de 20 mm de chuvas caíram sobre a Terra da Rede. No Mês de Fevereiro
caíram boas chuvas na Terra de Santana. Mesmo não atingindo a média chovida em
muitos outros municípios do Estado do Ceará, as chuvas caídas trouxeram a
esperança de volta e fez com que vários agricultores voltassem a plantar o
milho e o feijão, na expectativa de que os tempos de escassez tivessem passado,
pura ilusão.
O Estado do
Ceará entra pelo seu sétimo ano consecutivo de estiagem e as expectativas
geravam em torno de que esse período poderia está chegando ao final. As previsões
feitas pelos profetas das chuvas davam conta de que teríamos um bom inverno,
previsão essa que fora confirmada pela FUNCEME, principal instituto de
meteorologia do Ceará que afirmou que a quadra chuvosa, deste ano, poderia
ficar até 45% acima da média em algumas regiões. Só para lembrar que esse
prognóstico foi confirmado no final do mês de Fevereiro, fato que encheu ainda
mais de esperança o homem do campo.
Aqui em
Jaguaruana, cidade situada a cerca de 180 quilômetros da capital, os
agricultores não perderam tempo e logo que começaram a cair às chuvas,
enterraram as sementes que não demorou a nascer. Não é difícil ver, pela zona
rural de nossa cidade, grandes partidos de milho e feijão que já começam a
definhar pela falta de chuva. O último dia em que choveu na cidade foi
exatamente no dia 1º de Março e de lá para cá, no dia de hoje, já são 20 dias
sem cair uma gota de água no chão.
O Rio
Jaguaribe, principal afluente e responsável, maior, pelo abastecimento de água
na cidade, continua seco. Os animais comem o pouco de ramagem que ainda existe
e o sertanejo, que tanto sonhava com um bom inverno, ver suas plantações
começarem a morrer. As cisternas que fazem parte da rotina dos moradores da
zona rural continuam com suas bicas embaixo do telhado esperando a chuva cair.
Por outro lado o homem do campo que já sofre da triste mazela da escassez há
exatos sete anos, todos os dias ao acordar, trazem consigo a esperança de que
as chuvas voltem para que ambos possam salvar o pouco de plantas que ainda sobrevivem
ao veranico.
Hoje pela
manhã estivemos fazendo uma visita em algumas localidades que fazem parte da
zona rural de Jaguaruana e as imagens que fizemos das plantações são
desalentadoras. Aos poucos o milho e o feijão estão morrendo junto com a
esperança que foi embora, por parte de alguns agricultores, no último dia 19,
dia de São José, que infelizmente não choveu. Pra quem não sabe a última
esperança depositada pelos religiosos e agricultores do Estado do Ceará é no
dia de São Jose, o Padroeiro dos Agricultores. Nesse dia, segundo os mesmos, se
chover é sinal que teremos um bom inverno e se por acaso a chuva não cair, é
grande a chance de se ter mais um período de seca. (CRENDICE POPULAR)
Diante a
toda essa tristeza uma dúvida paira no ar juntamente com uma grande
desconfiança. Nos últimos seis anos a FUNCEME acertou em seus prognósticos e o
homem do campo pouco ou quase nada perdeu, pois poucos plantaram. Este ano, a
divulgação de que teríamos um período chuvoso dentro ou acima da média
histórica, fez com que os agricultores investissem o pouco que tinham e
arriscaram em suas plantações.
Mas afinal,
o que realmente aconteceu? Seria mais uma vez a Mãe Natureza mostrando sua
insatisfação com a raça humana que há décadas judia com a Natureza? Ou teria
sido uma atitude de errada, de previsões erradas que a FUNCEME, com toda sua
credibilidade fez? Será que o volume de água que o instituto afirma cair, vai
ainda chegar? Se por um lado as plantações já começam a ficar para trás, a
esperança de que nosso Rio Jaguaribe e nossos Açudes possam tomar uma boa
recarga de água, ainda permanece na Fé dos sertanejos que, diga-se de passagem,
tem em sua fé o principal alimento espiritual, LITERALMENTE.
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