Carta em que Gandhi chama Jesus de 'professor' é colocada a venda

No texto, indiano também se nega a ver Cristo como 'maior manifestação do oculto'

POR O GLOBO
Mahatma Gandhi com o neto, Aron - Divulgação / Agência O GLOBO

ARDMORE, Estados Unidos — Uma carta escrita pelo líder indiano Mahatma Gandhi sobre Jesus Cristo está à venda nos Estados Unidos por US$ 50 mil (o equivalente a R$ 162 mil). Endereçada ao religioso cristão Milton Newberry Frantz em 6 de abril de 1926, o documento assinado pelo ativista hindu esteve mantido em uma coleção privada desde os anos 1960. A companhia Raab Collection, do estado americano da Pensilvânia, alega ser a única mensagem conhecida do ativista sobre Jesus levada ao mercado.

As palavras de Gandhi deixam claro que o líder hindu não reconhecia nenhuma doutrina acima das outras. O texto é uma expressão do respeito que o pensador indiano, morto em 1948, aos 78 anos, pregava por todas as crenças, desde que apoiadas no "no fio comum de amor e estima mútua", como ele mesmo diz.

Escrito em sua residência no estado de Gujarat, a missiva é uma resposta a uma carta de Frantz, na qual o americano pedia ao amigo que lesse uma publicação sobre a Cristandade. Em sua réplica, o indiano diz que não poderia "subsecrever ao credo que você me enviou". Gandhi argumenta que a publicação enviada pelo americano dá a entender que a maior manifestação do "oculto" foi Jesus. O indiano explica que, "apesar de todos os meus esforços, eu não fui capaz de ver a verdade nessa afirmação".

"Não pude ir além da crença de que Jesus foi um dos maiores professores da Humanidade. Você não acha que a unidade religiosa não deve ser tomada por uma subscrição mecânica a um credo comum, mas por todos respeitarem o credo de cada um?", escreveu Gandhi para Milton Newberry Frantz.

Em carta, Gandhi considera Jesus 'um dos maiores professores da Humanidade' - Reprodução/The Raab Collection

Defensor do princípio da não agressão e da desobediência civil como meios para a revolução, o ativista é reverenciado como um dos líderes da independência da Índia.

"Na minha opinião, a diferença de credo deve existir tanto quanto há diferentes cérebros. Mas importa a quem se todos se apoiarem no fio comum de amor e estima mútua? Eu devolvo o carimbo enviado por você. Ele não pode ser usado na Índia", completou Gandhi, autor de escritos sobre a filosofia e os ensinamentos da religião hindu.

"Esta é uma das melhores cartas sobre religião que Gandhi escreveu, não meramente sobre o cristianismo, mas indo além para expor uma doutrina universalista de respeito por todas as fés e credos", destaca a Raab Collection, segunda a qual a assinatura do indiano está intacta.
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