Dessa vez, os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, da Educação, Aloizio Mercadante, da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini também participam da conversa
A presidente Dilma Rousseff voltou a se reunir na manhã desta
quarta-feira com o ex-presidente Lula, depois de quatro horas de
conversa na noite de ontem. Dessa vez, os ministros da Fazenda, Nelson
Barbosa, e da Educação, Aloizio Mercadante, segundo o site do jornal O
Estado de S.Paulo, também participam do encontro, além dos ministros da
Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
Está em pauta ainda a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva de assumir ou não um cargo de ministro no Palácio do Planalto. No
jantar realizado nesta terça-feira, o petista disse à Dilma que precisa
amarrar todas as pontas com o PMDB, para assegurar que o partido
permaneça na base aliada, antes de decidir se ficará à frente da
Secretaria de Governo. Lula é cotado para a Secretaria de Governo,
comandada por Ricardo Berzoini, ou para substituir Jaques Wagner na Casa
Civil - pastas hoje nas mãos de petistas, o que evita conflito com
aliados da base para abrigar Lula.
Nesta terça, Lula mostrou dúvidas sobre a entrada na equipe e contou
ter sido informado por integrantes do PMDB de que sua presença no
ministério, nesse momento, não daria "governabilidade plena" a Dilma nem
conseguiria, por si só, barrar o impeachment. O ex-presidente também
disse que vai sondar novamente o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL). As ponderações de Lula surpreenderam Dilma e os ministros
Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo),
já que ele havia dito a amigos, horas antes do jantar no Alvorada, que
aceitaria assumir a Secretaria de Governo.
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A homologação da delação premiada do ex-líder do governo no Senado
Delcídio Amaral (PT-MS), divulgada nesta terça-feira pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), também ajudou Lula a hesitar no convite para
assumir a Secretaria. A ideia inicial era Lula ir para a Secretaria de
Governo e Ricardo Berzoini, que ocupa a pasta, enquanto este assumiria o
posto de secretário Executivo do ex-presidente. Mas, a divulgação das
últimas denúncias acabou ampliando as dificuldades de levar Lula para o
governo.
Na delação, Delcídio diz que o ex-presidente "teve participação em
todas as decisões relativas às diretorias das grandes empresas estatais,
especialmente a Petrobras". O senador afirma ainda que o petista sempre
foi muito próximo de todos os tesoureiros do PT e que, "com o advento
da Operação Lava Jato, continuou a adotar o mesmo comportamento evasivo
visto durante a crise do mensalão."
Se entrar no governo, o ex-presidente ganha foro privilegiado de
julgamento e, caso seja denunciado, uma ação contra ele terá de ser
julgada pelo STF, saindo da alçada do juiz Sérgio Moro, que conduz a
Operação Lava Jato na primeira instância. Moro também é o encarregado de
decidir se aceita ou não o pedido de prisão preventiva contra o
ex-presidente, que foi apresentado pelo Ministério Público de São Paulo.
O MP paulista acusa o petista de ocultar um tríplex no Guarujá, no
litoral paulista, reformado pela OAS. O ex-presidente nega a propriedade
do imóvel e de um sítio em Atibaia (SP), que recebeu benfeitorias de
empresas investigadas no esquema de corrupção do petrolão.
Conselhão - Apesar dos senões, ministros ainda avaliam
que Lula pode aceitar o convite de Dilma. A ideia é que, além de cuidar
da articulação política do governo com o Congresso, na ofensiva contra o
impeachment, ele fique responsável pelo Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social. O Conselhão, como é conhecido, foi montado em 2003,
no primeiro mandato de Lula, e reúne representantes do governo, de
sindicatos, movimentos sociais e empresários - e foi abandonado por
Dilma.
O ex-presidente condicionou a entrada na equipe a uma espécie de carta
branca para mudar os rumos do governo e até mesmo a política econômica. A
deputados e senadores do PT, Lula chegou a afirmar que a salvação de
Dilma depende de uma guinada na economia. Assustado com o tamanho dos
protestos do último domingo, os maiores da história do país, e com a
atual debandada dos aliados, principalmente do PMDB, Lula avalia que o
governo e o PT precisam anunciar medidas para o "andar de baixo" porque
só isso impedirá a queda da presidente.
Fonte: (Com Estadão Conteúdo)
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