Supremo pode incluir os dois no inquérito que apura formação de quadrilha na roubalheira à Petrobras. Foto: Ricardo Stuckert
A Procuradoria-Geral da República deve pedir a inclusão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Michel
Temer no inquérito que apura formação de quadrilha por políticos que
supostamente atuaram no esquema de corrupção na Petrobras, segundo
fontes ligadas à investigação. A investigação corre no Supremo Tribunal
Federal (STF) desde março do ano passado e apura cerca de 40 pessoas,
entre elas parlamentares e lideranças do PMDB, PT e PP.
Investigadores avaliam a possibilidade de que as menções feitas pelo
senador Delcídio Amaral (PT-MS) em delação premiada sejam também
incluídas na investigação que corre no Supremo e tenta mostrar o sistema
organizado de políticos no recebimento de propina e benefícios oriundos
de contratos da Petrobras.
A delação de Delcídio, homologada pelo ministro Teori Zavascki,
relator da Operação Lava Jato na Corte, reforça a apuração sobre o PMDB e
sobre o PT no inquérito, o que pode gerar a inclusão de Temer e Lula no
rol de investigados.
No caso de Lula, além das menções feitas por Delcídio, os
procuradores devem solicitar informações à Justiça Federal no Paraná,
que conduz a investigação que tem o ex-presidente como alvo. Se Lula for
confirmado ministro de Estado, no entanto, a solicitação nem será
necessária, pois todo o material de investigação que corre na justiça de
primeira instância será encaminhado para a PGR e para o Supremo
Tribunal Federal.
Na delação, Delcídio detalha a proximidade do ex-presidente com seu
amigo pessoal, o pecuarista José Carlos Bumlai, réu na Operação Lava
Jato. O senador petista também relata tentativa de Lula evitar o
depoimento do lobista Mauro Marcondes, réu na Operação Zelotes, na CPI
do Carf.
Já com relação a Temer, procuradores devem avaliar sua inclusão
unicamente com base nas falas de Delcídio. O delator envolve o
vice-presidente em suposto esquema de aquisição ilícita de etanol pela
BR Distribuidora. O peemedebista teria, segundo Delcídio, "apadrinhado" o
ex-diretor da subsidiária da Petrobras João Augusto Henriques,
supostamente envolvido no caso e que fez pagamentos indicados como
propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Por meio de sua assessoria de imprensa, o vice-presidente Michel
Temer disse que não comentaria o caso. Interlocutores alegam que ele é
presidente de um partido e, nessa condição, não pode ser
responsabilizado por eventuais falhas cometidas por seus
correligionários.
Obstrução
A Procuradoria não descarta incluir o nome de Lula e de Bumlai também
na acusação contra Delcídio por tentativa de obstrução de investigações
da Lava Jato. Na delação, o senador conta que Lula pediu que o
parlamentar ajudasse Bumlai para garantir o silêncio do ex-diretor da
Petrobras, Nestor Cerveró, em eventual depoimento aos investigadores.
Segundo Delcídio, foi intermediado o pagamento de valores por Maurício
Bumlai, filho do pecuarista, ao então advogado de Cerveró.
Delcídio foi denunciado em dezembro pela PGR, ao lado de André
Esteves, do BTG Pactual, Diogo Ferreira, assessor do parlamentar, e
Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró por tentativa de atrapalhar as
investigações da Lava Jato.
Fonte: (AE)
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