Segundo
delação de Delcídio Amaral, a negociação teria custado entre R$ 110
milhões e R$ 220 milhões, pagos por empreiteiras do petrolão (Foto:
Celso Junior/AE)
Em acordo de colaboração premiada, o senador Delcídio do Amaral
(PT-MS) afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e o ex-ministro
Antonio Palocci atuaram na compra do silêncio do operador do mensalão,
Marcos Valério Fernandes de Souza. A negociação teria custado entre R$
110 milhões e R$ 220 milhões, pagos por empreiteiras do esquema de
corrupção na Petrobrás - revelado pela Operação Lava Jato.
"Havia conversas muito fortes ao longo da campanha de 2008 (disputa
municipal) de que os pagamentos estavam sendo por (para) Marcos Valério
no exterior, em suas contas ou de terceiros, que não sabe se os valores
foram de 220 milhões, pois ouviu que foi em torno de R$ 110 milhões, que
possivelmente foram as grandes empreiteiras ligadas à Lava Jato que
fizeram tais pagamentos", disse Delcídio em depoimento.
O senador ainda registrou que "tais empresas (...) eram os grandes
doadores" "A estratégia mais fácil era desta forma e também porque,
sistematicamente, estes pagamentos no exterior, que tal informação
surgiu de várias origens, de dentro e fora do PT e inclusive no meio
empresarial, que isto era bastante disseminado", disse Delcídio.
A informação consta no termo de colaboração número 3 referentes ao
anexo 4 cujo título é "Participações de Lula e Palocci na compra do
silêncio de Marcos Valério no Mensalão." Delcídio prestou um depoimento
de nove páginas sobre o assunto, no dia 12 de fevereiro de 2016, sete
dias antes de ser solto pelo ministro Teori Zavascki.
No relato, Delcídio conta que soube das negociações com Valério
porque foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos
Correios, que investigou entre 2005 e 2006, o esquema do mensalão. "Ao
longo das investigações, Marcos Valério pediu uma conversa reservada com
o depoente, ainda durante os trabalhos da CPI (...)", disse.
Ainda segundo Delcídio, o encontro com Valério aconteceu em Brasília,
no dia 14 de fevereiro de 2006, no apartamento de uma funcionária do
Senado identificada como Cleide. Da conversa, somente teriam participado
Valério e o sócio dele, Rogério Tolentino. O operador do mensalão teria
pedido um ressarcimento e feito uma ameaça. "Se estas coisas não forem
resolvidas, se a situação está ruim, vai ficar pior ainda", teria dito
Valério a Delcídio.
O senador contou que repassou o recado a Lula uma semana depois da
conversa com Valério. "Ademais, quando marcou, já disse que era urgente,
que Lula - e nunca o depoente esquece disso, pois era final de tarde
bonito - não falou nada, ficou constrangido e "branco". Que o depoente
percebeu que Lula ficou "mal", quando ouviu aquilo, mas não comentou
nada. Que o depoente apenas se despediu e saiu", diz o depoimento de
Delcídio.
O senador deu mais detalhes. Contou que, após a conversa com Lula, o
então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos (morto em 2014)), ligou
para ele. Na sequência, foi a vez do então ministro da Fazenda, Antonio
Palocci. Segundo Delcídio, Palocci teria dito que "o presidente ficou
puto da vida com o que você disse" e que, ele, Palocci iria "resolver
pessoalmente aquilo". "Que Palocci ligou para que o depoente (Delcídio)
saísse de cena", registra o depoimento do senador.
O Instituto Lula informou que não comentaria 'falatório'. Confira a nota:
"O Instituto Lula não comenta falatórios. Quem quiser levantar
suspeitas em relação ao ex-presidente Lula que faça diretamente e
apresente provas, ou não merecerá resposta".
Fonte: (AE)
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