Ministério Público SP pede prisão preventiva de Lula

O ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixa a residência oficial do Senado após reunião
O ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixa a residência oficial do Senado após reunião(Evaristo Sa/Reuters)
Na denúncia enviada nesta quinta-feira à Justiça contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério Público de São Paulo pediu sua prisão preventiva. Os promotores também pediram a prisão de Léo Pinheiro e executivos da OAS, além do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O pedido de prisão consta de um anexo da denúncia, cuja íntegra pode ser lida aqui.

Segundo documento publicado pelo site jurídico Jota, os promotores acusam Lula de atentar contra a ordem pública ao desrespeitar as instituições que compõem o Sistema de Justiça, especialmente a partir do momento em que as investigações do Ministério Público do Estado de São Paulo e da Operação Lava Jato se voltaram contra ele.

Os promotores afirmam que "Lula jamais poderia inflamar a população a se voltar contra investigações criminais a cargo do Ministério Público, da polícia, tampouco contra decisões do Poder Judiciário", mas teria feito exatamente isso ao convocar entrevista coletiva após ser conduzido coercitivamente para ser ouvido em etapa da Operação Lava Jato.

Além disso, valendo-se de sua "rede político-partidária, Lula sempre buscou manobras para evitar que a investigação criminal do Ministério Público avançasse", por exemplo, quando o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) entrou com pedido de medida liminar administrativa no Conselho Nacional do Ministério Público para suspender a investigação criminal.

Para o MP, não é razoável dizer que Lula, por ser primário, não precisaria ter a prisão preventiva decretada. "O denunciado se vale de sua condição de ex-presidente da República para se colocar "acima ou à margem da lei.' Assim é que deseja 'ser convidado' para ser ouvido, deseja 'escolher' quem poderá investigá-lo, decide se seus familiares poderão ou não sofrer investigações", relatam os promotores.

O pronunciamento de Lula após o depoimento à PF em São Paulo na última sexta-feira seria, segundo os promotores paulistas, "conduta que fragiliza o Sistema de Justiça e põe em xeque o Estado Democrático de Direito", e a principal razão a justificar a prisão preventiva. Os promotores citam ainda o vídeo em que o ex-presidente aparece gritando ao telefone para que a força-tarefa da Lava Jato, digamos assim, se livrasse do processo. "São justamente essas condutas, ora deliberada e intencionalmente ofensivas às instituições do Sistema de Justiça e que sustentam o Estado Democrático de Direito que se ajustam à violação da garantia da ordem pública", afirma o MP, que critica a estratégia de Lula de se insurgir contra as instituições e, por consequência, abrir caminho para que outros cidadãos também considerem a possibilidade de não se submeter ao Judiciário.

No pedido de prisão, os promotores citam o filósofo niilista Friedrich Nietzsche para alegar que o ex-presidente Lula, embora já tenha ocupado o mais alto cargo da administração pública federal, não é um "super-homem" e, portanto, não estaria imune às leis. "Nunca houve um Super-homem. Tenho visto a nu todos os homens, o maior e o menor. Parecem-se ainda demais uns com os outros: até o maior era demasiado humano", descreve o Ministério Público de São Paulo na introdução do pedido de prisão do petista. "Ninguém está acima ou à margem da lei. A lei vale para todos, indistintamente, ricos ou pobres, pouco importando a cor, credo, raça ou profissão", resumem os promotores.

Fonte:  http://veja.abril.com.br/noticia
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