Principal esperança do governo contra o impeachment no Congresso, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já disse a
interlocutores que não tem condições de barrar o afastamento da
presidente Dilma Rousseff do cargo caso a Câmara dos Deputados tome essa
decisão. Segundo Renan avaliou com pessoas próximas a ele, se isso
acontecer, haverá uma “onda” que certamente resultará na cassação da
presidente”.
Para Renan, caberá ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitar o
impeachment na Câmara dos Deputados. Segundo um auxiliar próximo ao
presidente do Senado, se o governo não tiver os 171 votos dos deputados
para evitar o impeachment, restará ao Senado referendar a decisão. Pelo
rito determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), cabe ao Senado a
palavra final sobre o afastamento da presidente.
Na semana passada, Lula fez questão de se certificar de que teria o
apoio de Renan para assumir o comando da Casa Civil. Na noite de
anteontem, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal,
suspendeu provisoriamente a posse do ex-presidente e determinou que as
investigações que envolvem o petista na Operação Lava Jato retornem para
a primeira instância, conduzida pelo juiz federal Sérgio Moro.
A divulgação dos grampos telefônicos em que o ex-presidente diz que o
Supremo Tribunal Federal (STF) está “acovardado” e que ele, Renan,
“está fodido”, jogaram por terra qualquer chance mais efetiva de o
presidente do Senado trabalhar em favor das ações de Lula.
Atitude. Renan tem dito a seus aliados mais próximos que “mais do que
nunca” terá de adotar uma postura “institucional” diante das revelações
da Operação Lava Jato. O presidente do Senado é também acusado de ser
beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobrás.
Recentemente, ele foi mencionado na delação premiada do senador
Delcídio Amaral (ex-PT-MS). O nome de Renan já havia aparecido em
depoimentos do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró e do lobista
Fernando Baiano.
Senadores do PMDB próximos a Renan, como Eunício Oliveira (CE) e
Romero Jucá (RR), também já deixaram claro seu afastamento do governo
Dilma.
Renan também não pretende se envolver no processo de expulsão do
deputado Mauro Lopes (MG) do PMDB. Ele tomou posse como ministro da
Secretaria de Aviação Civil, contrariando decisão da convenção nacional
do partido. No último sábado, PMDB aprovou moção proibindo que
integrantes do partido de assumir novos cargos no governo. Partiu da ala
oposicionista a iniciativa de expulsar Lopes.
Aliados do vice-presidente da República Michel Temer – que é também
presidente nacional do PMDB – são os principais defensores de uma
punição a Lopes. Em contrapartida, Lopes detém o apoio do líder do
partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). “A nomeação já estava
prevista antes da convenção”, disse Picciani.
Fonte: (AE)
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