A tendência no colegiado neste momento é contra a adesão - Foto: Divulgação
Peça importante no processo de impeachment da presidente Dilma
Rousseff, o PSDB permanece distante de se acertar com o vice Michel
Temer (PMDB) sobre uma participação no eventual governo dele, a poucos
dias da votação decisiva no Senado.
Caso o partido não aceite fazer parte do novo governo, umas das
propostas em discussão entre os tucanos pretende obrigar filiados que
queiram ocupar cargos oferecidos por Temer a se licenciar da legenda e
sob o compromisso de não concorrer à Presidência em 2018.
Se a ideia vingar, será uma barreira para que tucanos com pretensões
eleitorais aceitem compor um governo Temer, caso ele assuma. O PSDB
marcou para o dia 3 de maio a reunião de sua Executiva que definirá se o
partido ocupará ou não cargos em um eventual governo.
A tendência no colegiado neste momento é contra a adesão.
Secretário-geral do partido, o deputado Silvio Torres (SP) vai defender a
licença de quem aceitar cargos se a adesão institucional for recusada.
"O PSDB tem compromisso e dever moral de tirar o Brasil da crise, mas
tem um caminho próprio, que é o projeto apresentado ao País nas eleições
de 2014, quando o senador Aécio Neves foi derrotado."
Para Torres, quem desobedecer ao que for decidido pela Executiva terá
também de se comprometer a não ser candidato em 2018. Na terça-feira,
26, o partido reunirá a bancada na Câmara para debater o tema. Depois
consultará senadores e governadores.
O senador José Serra, tucano com boa interlocução com Temer, é
apontado por aliados do vice como o mais cotado para assumir um
ministério importante, na área econômica, infraestrutura ou até a Saúde.
A posição de Serra é de que o PSDB tem um compromisso com o Brasil.
"Michel Temer assumindo, eu diria que deveria se batalhar para se formar
um governo de união e reconstrução nacional, com todas as forças
interessadas na recuperação do País", disse Serra ao Estado em março.
Para ele, o PSDB deveria participar de eventual novo governo "sem
abdicar de propostas e convicções". Ele descarta adesão pessoal motivada
por pretensões eleitorais.
Se a adesão institucional for vetada e a proposta de Torres aprovada,
a participação de Serra, considerada importante para o sucesso de
eventual novo governo, se tornaria mais difícil. É mais um problema para
Temer, que nesta semana ouviu um não do economista Arminio Fraga, seu
plano A para a Fazenda.
Grupos do governador Geraldo Alckmin e de Aécio rejeitam a ideia de
ocupar espaços na máquina pública. Dirigentes lembram que a ação em
curso no Tribunal Superior Eleitoral pedindo a cassação da chapa
Dilma-Temer seria um constrangimento para um eventual ministro do PSDB,
autor da ação.
Além de Alckmin, outros dois governadores tucanos se manifestaram
contrários à participação do PSDB em eventual governo Temer. "Sou contra
ter cargo no governo. O apoio programático não precisa disso", disse
Pedro Taques, de Mato Grosso. Beto Richa, do Paraná, afirmou que não há
"necessidade" de a legenda ocupar ministérios.
Causou desconforto entre os tucanos paulistas o convite de Temer ao
secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes (PSDB), para
integrar o novo Ministério. Temer não consultou Alckmin nem a direção
nacional antes da sondagem.
Fonte: (AE)
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