Enquanto
a equipe econômica busca medidas para reequilibrar as contas públicas,
os novos ministros do governo Michel Temer já pressionam por mais
recursos para tocarem os projetos de suas pastas. Eles encontraram o
orçamento ainda mais apertado por conta do segundo contingenciamento de
R$ 21,2 bilhões de despesas, realizado em março pela equipe da
presidente Dilma Rousseff.
Com o cofre vazio, os ministros – 19 dos 23 são políticos – estão se
dando conta de que não terão dinheiro em caixa para mostrar serviço. A
expectativa agora é que o corte seja revertido. Por isso, uma ampliação
do déficit previsto para o ano é vista com preocupação pela área
econômica, segundo apurou a reportagem.
A avaliação é de que um superdimensionamento do déficit – acima de um
diagnóstico realista – abriria espaço para o aumento de empenho das
despesas, prejudicando ainda mais o resultado fiscal no final do ano.
"Se superestimar o déficit, o governo perde. E, no final, prejudicaria
ainda mais o resultado primário", afirmou uma fonte da área econômica.
Os novos ministros querem evitar o risco de um novo corte de
despesas. O desbloqueio dos R$ 21,2 bilhões já está no cálculo da meta
fiscal. Depois que a meta for aprovada, informou um integrante da equipe
econômica de Temer, haverá o descontingenciamento das despesas. Sem
esse desbloqueio, a partir de setembro poderá haver falta de recursos de
custeio da máquina. Em muitos ministérios, falta dinheiro para o
pagamento de contas básicas.
Relações Exteriores
O primeiro da lista a pedir mais dinheiro foi o ministro das Relações
Exteriores, José Serra. Ele assumiu o cargo e pediu R$ 800 milhões para
cobrir dívidas e repasses de recursos para os consulados, pagamento de
auxílios a diplomatas e atrasos nos salários de pessoal contratado no
exterior, que chegam em alguns casos há quatro meses.
O Ministério de Relações Exteriores foi um dos mais prejudicados
pelos contingenciamentos de 2015 e 2016 e vão merecer atenção especial
agora pela equipe econômica, porque enfrenta um nível de execução de
despesas muito baixo.
Ministério da Indústria, Comércio e Serviços
No já desidratado Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, a
impressão é de que o que poderia ser cortado já havia sido feito no
governo anterior. Sem dinheiro para fazer política industrial desde o
ano passado, a pasta ainda perdeu o orçamento da Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos – ApexBrasil – para o Itamaraty.
A ordem do ministro Marcos Moreira às equipes técnicas foi dar
seguimento ao que for possível dos projetos em andamento, mas há uma
frustração.
Secretaria de Comunicação
Na Secretaria de Comunicação, pasta ligada à Presidência e
responsável por campanhas do governo federal, a situação não é
diferente. A nova equipe encontrou o orçamento todo comprometido e
agora, para tentar reverter a situação, tentará cancelar alguns
contratos. "Vários ministros já reclamaram, tem muita coisa que foi
feita as pressas, no último minuto", disse uma fonte do Palácio.
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde, um dos maiores orçamentos da Esplanada, tem
uma situação parecida. Segundo uma fonte da Pasta, agora será necessário
"fazer uma mágica". Hoje, o Brasil enfrenta vários casos da gripe H1N1 e
de zika, vírus responsável pelo nascimento de crianças com
microcefalia. O ministério da Cultura pretende recuperar a defasagem no
orçamento e até ampliá-lo para o exercício de 2017.
Fonte: Diário do Poder
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